A morte do “reverendo” Moon
02/09/2012
- Opinión
Faleceu neste domingo, aos 92 anos, o bilionário e direitista Sun Myung Moon – mais conhecido como “reverendo Moon”. Ele fundou, em 1954, a seita Unificação pela Paz Mundial, que diz reunir cerca de 3 milhões de fiéis em mais de 190 países. Além das excentricidades – ele afirmava ter conversado com Jesus, dizia ser o “novo messias” e promovia casamentos com milhares de noivo –, Moon ficou famoso por suas posições políticas anticomunistas, pelas relações íntimas com notórios fascistas e pela fortuna que acumulou.
O “reverendo” sul-coreano ergueu um império que inclui jornais – entre eles, o conservador The Washington Times -, bancos e indústrias nos EUA, Ásia e América Latina. O braço empresarial da seita é o grupo Tongil, um dos maiores conglomerados da Coréia do Sul. Em 1981, Moon ficou preso 13 meses nos EUA por sonegação fiscal. Sua seita também foi acusada, em vários países, por negócios ilícitos e lavagem cerebral de seus seguidores – chamados de “moonies”. Em 1995, ele foi proibido de entrar no Reino Unido.
Os tentáculos no Brasil
Diante das denúncias, Moon dizia que era vítima de perseguição religiosa. Ele nunca fugia das polêmicas. Numa célebre entrevista, ele garantiu: “Deus vive em mim e eu sou a encarnação dele. O mundo todo está em minhas mãos, e vou conquistá-lo e subjugá-lo”. Em outra ocasião, ele justificou o Holocausto nazista afirmando que teria sido a punição aos judeus por terem assassinado Jesus Cristo. Ela também gostava de difundir que teria sido torturado pelo governo da Coréia do Norte, o que nunca foi comprovado.
Os tentáculos da sua seita também chegaram ao Brasil, através da Associação das Famílias pela Unificação e a Paz Mundial, que possui várias fazendas no Mato Grosso do Sul. Segundo reportagem da Veja, “nos anos 90, Moon deu início a um ambicioso projeto no Brasil: transformar a cidade de Jardim, no Pantanal Mato-Grossense, em uma ‘Nova Coreia’ – e inundou a cidadezinha a 270 quilômetros de Campo Grande com milhares de coreanos e japoneses”. Em 2002, a seita foi acusada pelo Ministério Público de lavagem de dinheiro.
Amigo da família Bush
No terreno da política, o “reverendo” sempre apoiou as posições mais direitistas do Partido Republicano. Na década de 1980, ele ficou famoso ao pedir aos estadunidenses que perdoassem Richard Nixon, presidente deposto após o escândalo de Watergate. Moon era muito ligado ao clã Bush. Um dos filhos do velho Bush, Neil, chegou a acompanhá-lo em uma viagem de pregação pela Ásia em 2005. Apesar da sua seita pregar a “paz mundial”, Moon apoiou as ações imperialistas dos EUA no Iraque e Afeganistão.
Moon teve 14 filhos e vários deles ocupam cargos em seu império. Hyung Jin Moon, o mais jovem de seus sete filhos homens, sucedeu o pai na liderança da igreja em 2008. Já Kook Jin Moon preside o conglomerado Tongil.
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