Desenvolvimento humanista

12/05/2012
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Em 1990, um grupo de economistas asiáticos arquitetou oconceito de "desenvolvimento humano" e formulou a primeira edição de seuRelatório no âmbito do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento(PNUD), um órgão da Organização das Nações Unidas (ONU). A frase que ensejou afundação deste novo conceito é: "As pessoas são a riqueza real de uma nação".
 
O desenvolvimento deveria enfatizar, assim, as pessoas etrazê-las ao centro do processo de transformação da sociedade nos debates e naspolíticas econômicas. Na visão do paquistanês Mahbub ul Haq, fundador doRelatório, o objetivo básico deste empreendimento é ampliar as escolhas daspessoas.
 
O economista indiano Amartya Sen, em seu turno, declarou que"desenvolvimento humano" é "avançar a riqueza da vida humana, em vez da riquezada economia na que seres humanos vivem". A partir de então, o conceito de"desenvolvimento humano" não se aplica somente desde as pesquisas anuais doPNUD, mas também em vários contextos nacionais ao redor do mundo, isto é,inspira governos em várias esferas.
 
Estas ideias serviram de ponto de partida para uma reflexãomais ampla e inclusiva do conceito de desenvolvimento a fim de elucidarmaneiras alternativas de transformar os países em função de algo mais que autilidade materialista das mercadorias. Um dos argumentos favoráveis a estaguinada paradigmática refere-se ao desafio de reduzir as desigualdades nasavaliações anteriores à criação do Relatório.
 
O que constituiu o paradigma de "desenvolvimento humano" nadécada de 1990, que foi tomada pela onda de preceitos neoliberais, certamentedifere do que significa hoje, uma vez que se trata de um conceito dinâmico, ouseja, que se condiciona na medida da transformação que provoca nas sociedades.
 
O PNUD declara que, mesmo nos países que enfrentaramcondições econômicas adversas, a maioria das pessoas vive com mais saúde,longevidade, educação e acesso a bens e serviços. Comparativamente, o conceitosimilar de Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) classifica os países daOrganização das Nações Unidas em função de critérios como expectativa de vida,nível educativo e renda real (não a percapita). Nele, porém, as desigualdades assumem outras proporções.
 
Em 2010, o Relatório de Desenvolvimento Humano cumpriu seuvigésimo aniversário. No Prefácio da edição deste ano, Helen Clark, diretora doPNUD, declarou que "o desenvolvimento nacional deve ser medido não simplesmentepela renda, como tem sido há muito tempo, mas também pela expectativa de vida ealfabetização".
 
Inúmeros têm sido os esforços para agregar variáveis aoconceito de "desenvolvimento" de modo a suavizar que ele mesmo, afinal decontas, desigualou tudo o que hoje tenta combater ou reduzir em nome dohumanismo.
 
A gestação do Relatório de Desenvolvimento Humano conformouuma tentativa de "humanizar" a carga economicista do conceito de"desenvolvimento". O risco, no entanto, é de que a economia, que em si encerratambém um aspecto de desenvolvimento humano, passe a fagocitar outras esferas humanasdentro de suas diretrizes políticas através de uma fachada legitimadora queencubra a reivindicação de um "desenvolvimento" efetivamente mais humanitário.Noutras palavras, o aspecto "humano" do "desenvolvimento" não se devetransformar noutro elemento mais para avaliação de crescimento, renda, demanda,oferta, oscilação, etc.
 
O conceito de "desenvolvimento humano" não resolve, ainda, oimpasse do humanismo como fim na medida em que aquele redunda no próprio"desenvolvimento" a despeito da boa vontade de seus ideólogos e das políticasque o aplicam.
 
Será possível olhar com menos desconfiança quando não seja aeconomia o campo ou a disciplina que nos tente redimir dos pecados do"desenvolvimento".
 
 
https://www.alainet.org/es/node/157879

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