Zelaya: “Não podem matar a todos nós, somos muitos”
Resistência realiza desfile paralelo em dia da independência centro-americana
15/09/2011
- Opinión
“Qual independência?” questionaram milhares de pessoas que participaram do desfile, paralelo ao oficial, de celebração do 15 de setembro, na capital Tegucigalpa (veja fotos). Nesta data, todas as nações centro-americanas, exceto Panamá e Belize, declararam sua independência da Espanha, em 1821.
Apesar do feito, Honduras sempre foi uma nação sob intervenção de países centrais, principalmente dos Estados Unidos. Nos anos 80, enquanto os países vizinhos Nicarágua e El Salvador travavam lutas revolucionárias de libertação, Honduras servia de base para treinamento dos soldados da “contra”, forças financiadas pelos EUA que pretendiam acabar com a revolução sandinista. O governos estadunidense também foi acusado de participar do golpe de Estado civil-militar que depôs o então presidente Manuel Zelaya, em 2009.
Enquanto na comemoração oficial, o atual presidente, Porfírio Lobo Sosa, afirmava que “o país está em festa”, a marcha organizada pela Frente Nacional de Resistência Popular (FNRP) estava de luto: era a primeira manifestação pública sem a presença do simbólico agitador popular Emmo Sadloo, assassinado por pistoleiros no último dia 07.
Desde o retorno de Zelaya à Honduras não se via uma mobilização tão massiva no país. “Tenho um recado a dar nesse 15 de setembro”, avisou o ex-mandatário, em frente a uma multidão que se aglutinava na praça central de Tegucigalpa, “Oligarcas, vocês não podem matar a todos nós, vejam, somos muitos”, afirmou referindo-se aos assassinatos ocorridos na semana passada – o de Emoo e o de Medardo Flores, 15° jornalista morto nos últimos 18 meses em Honduras.
“A oligarquia sanguinária nos persegue e querem nos matar, mas o povo a derrotará nas próximas eleições (em 2013). Vamos lutar pela verdadeira independência de Honduras”, afirmou Zelaya.
Em julho, a resistência criou um instrumento político que permitirá sua participação no próximo processo eleitoral, em 2013. A Frente Ampla de Resistência Popular (FARP), vai recolher assinaturas na próximas semanas para sua inscrição no Tribunal Superior Eleitoral.
- Sílvia Alvarez de Tegucigalpa (Honduras), Agência Brasil de Fato
https://www.alainet.org/es/node/152647?language=es
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