Graziano venceu 'golpes baixos' do candidato espanhol, diz Itamaraty
27/06/2011
- Opinión
José Graziano da Silva, o brasileiro eleito para dirigir a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) nos próximos três anos, foi nomeado assessor especial da presidenta Dilma Rousseff no dia 22 de março. Ocorrida em plena campanha pelo cargo que controla o maior orçamento de todas as agências da ONU, a nomeação foi um lance eleitoral. Buscava neutralizar um dos “golpes baixos” do candidato espanhol, Miguel Ángel Moratinos, que espalhara ser Graziano candidato do ex-presidente Lula, não do governo Dilma.
Nada mais falso, segundo o porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Tovar da Silva Nunes. Recém-empossada, ainda em janeiro, Dilma fez algumas reuniões com o ministro Antonio Patriota, para definir agendas internacionais e prioridades da política externa. “A eleição na FAO foi uma das prioridades desde o início, a presidenta Dilma não teve dúvidas”, conta Nunes.
Desde então, Patriota sempre “embutiu” o assunto nos contatos com chanceleres pelo mundo. Foi assim ao viajar aos Estados Unidos para preparar a visita do presidente Barack Obama ao Brasil. Ou quando acoampanhou Dilma em viagem oficial à China. Ou quando decolou sozinho para encontros no Sri Lanka, Catar, Egito, Colômbia e Venezeula, por exemplo.
O ponto alto das perigrinações do chanceler, na visão do Itamaraty, foi a reunião de Cúpula da Comunidade do Caribe (Caricom) realizada no fim de fevereiro, na ilha de Granada. Patriota voltava de um encontro do Conselho de Segurança da ONU, passou na Caricom e conseguiu que os 14 países caribenhos assinassem resolução declarando apoio a Graziano publicamente. “Essa ação na Caricom foi decisiva, fundamental para a eleição na FAO”, diz o porta-voz do ministro.
O próprio Graziano esteve em Granada fazendo campanha. Desde janeiro, o brasileiro rodou o mundo pedindo votos. Iniciou a campanha como observador do governo na XVI Cúpula da União Africana, na Etiópia, em janeiro. Passou por 24 países. Em alguns, por mais de uma vez, como a Itália, sede da FAO. Esteve em nações mais destacadas no cenário internacional, como EUA, Rússia e França, mas também em lugares menores, como Fiji e Nova Zelândia.
A seguir, em entrevista exclusiva concedida à Carta Maior, o porta-voz do Itamaraty conta detalhes sobre vitoriosa campanha brasileira pelo comando da FAO.
Como foi a campanha do Graziano?
Tovar da Silva Nunes: Não foi fácil. Havia o reconhecimento de que o candidato brasileiro tinha as melhores credenciais, mas o candidato espanhol insistia em oferecer vantagens a países asiáticos e africanos que ainda não está muito claro quais são. Ele usou o prestígio da realeza espanhola e tentou quebrar a unidade da América Latina. O México não votou no Brasil.
Quais foram os maiores aliados do Brasil?
Nunes: A África do Sul declarou abertamente o voto no Graziano, somos particularmente gratos a eles. A Argentina, quem diria isso em outro tempos, fez campanha para nós, arquitetou muito nos corredores da FAO. Portugal teve um papel importante junto aos países de língua portuguesa. Eu também destacaria o apoio da Indonésia e seu candidato no segundo turno.
Essa aliança com a Indonésia foi negociada ali na hora?
Nunes: Não, não houve tempo para negociações. Foi uma decisão deles. Os países em desenvolvimento perceberam que não podiam abrir mão dessa oportunidade de ter uma representante dirigindo a FAO, a agência com o maior orçamento da ONU .
Houve alguma decepção para o Brasil?
Nunes: O México. Embora o voto seja secreto, temos certeza de que o México votou no Moratinos. Lá na FAO, fazíamos reuniões numa sala chamada justamente Sala México, e só quem não se reunia conosco eram eles [os mexicanos]. O México tem problemas parecidos com os brasileiros, tem necessidade de inclusão social como o Brasil, uma pena ter agido assim.
E a China e os Estados Unidos, que foram procurados pelo ministro, como votaram?
Nunes: Os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU não costumam manifestar apoio publicamente, não sabemos.
Quando o governo sentiu que o Graziano ganharia?
Nunes: Só na hora, mesmo. Percebemos que o espanhol tinha uma técnica de intimidação, presenciamos isso com um país da América Latina. Eles diziam: 'vocês não sabem o que estão fazendo votando no Brasil'. Foi uma atitude de força. O Moratinos também espalhou que o Graziano era o candidato do ex-presidente Lula, mas não do governo Dilma. Houve uma tentativa de denegrir a imagem do candidato brasileiro.
Nada mais falso, segundo o porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Tovar da Silva Nunes. Recém-empossada, ainda em janeiro, Dilma fez algumas reuniões com o ministro Antonio Patriota, para definir agendas internacionais e prioridades da política externa. “A eleição na FAO foi uma das prioridades desde o início, a presidenta Dilma não teve dúvidas”, conta Nunes.
Desde então, Patriota sempre “embutiu” o assunto nos contatos com chanceleres pelo mundo. Foi assim ao viajar aos Estados Unidos para preparar a visita do presidente Barack Obama ao Brasil. Ou quando acoampanhou Dilma em viagem oficial à China. Ou quando decolou sozinho para encontros no Sri Lanka, Catar, Egito, Colômbia e Venezeula, por exemplo.
O ponto alto das perigrinações do chanceler, na visão do Itamaraty, foi a reunião de Cúpula da Comunidade do Caribe (Caricom) realizada no fim de fevereiro, na ilha de Granada. Patriota voltava de um encontro do Conselho de Segurança da ONU, passou na Caricom e conseguiu que os 14 países caribenhos assinassem resolução declarando apoio a Graziano publicamente. “Essa ação na Caricom foi decisiva, fundamental para a eleição na FAO”, diz o porta-voz do ministro.
O próprio Graziano esteve em Granada fazendo campanha. Desde janeiro, o brasileiro rodou o mundo pedindo votos. Iniciou a campanha como observador do governo na XVI Cúpula da União Africana, na Etiópia, em janeiro. Passou por 24 países. Em alguns, por mais de uma vez, como a Itália, sede da FAO. Esteve em nações mais destacadas no cenário internacional, como EUA, Rússia e França, mas também em lugares menores, como Fiji e Nova Zelândia.
A seguir, em entrevista exclusiva concedida à Carta Maior, o porta-voz do Itamaraty conta detalhes sobre vitoriosa campanha brasileira pelo comando da FAO.
Como foi a campanha do Graziano?
Tovar da Silva Nunes: Não foi fácil. Havia o reconhecimento de que o candidato brasileiro tinha as melhores credenciais, mas o candidato espanhol insistia em oferecer vantagens a países asiáticos e africanos que ainda não está muito claro quais são. Ele usou o prestígio da realeza espanhola e tentou quebrar a unidade da América Latina. O México não votou no Brasil.
Quais foram os maiores aliados do Brasil?
Nunes: A África do Sul declarou abertamente o voto no Graziano, somos particularmente gratos a eles. A Argentina, quem diria isso em outro tempos, fez campanha para nós, arquitetou muito nos corredores da FAO. Portugal teve um papel importante junto aos países de língua portuguesa. Eu também destacaria o apoio da Indonésia e seu candidato no segundo turno.
Essa aliança com a Indonésia foi negociada ali na hora?
Nunes: Não, não houve tempo para negociações. Foi uma decisão deles. Os países em desenvolvimento perceberam que não podiam abrir mão dessa oportunidade de ter uma representante dirigindo a FAO, a agência com o maior orçamento da ONU .
Houve alguma decepção para o Brasil?
Nunes: O México. Embora o voto seja secreto, temos certeza de que o México votou no Moratinos. Lá na FAO, fazíamos reuniões numa sala chamada justamente Sala México, e só quem não se reunia conosco eram eles [os mexicanos]. O México tem problemas parecidos com os brasileiros, tem necessidade de inclusão social como o Brasil, uma pena ter agido assim.
E a China e os Estados Unidos, que foram procurados pelo ministro, como votaram?
Nunes: Os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU não costumam manifestar apoio publicamente, não sabemos.
Quando o governo sentiu que o Graziano ganharia?
Nunes: Só na hora, mesmo. Percebemos que o espanhol tinha uma técnica de intimidação, presenciamos isso com um país da América Latina. Eles diziam: 'vocês não sabem o que estão fazendo votando no Brasil'. Foi uma atitude de força. O Moratinos também espalhou que o Graziano era o candidato do ex-presidente Lula, mas não do governo Dilma. Houve uma tentativa de denegrir a imagem do candidato brasileiro.
https://www.alainet.org/es/node/150797?language=es
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