Suicidio demografico
17/02/2011
- Opinión
As manchetes européias dizem que “as famílias estão cada vez mais, reduzindo o número de filhos em decorrência da falta de perspectiva e oportunidades de trabalho”. Com uma redução dramática é de se perguntar pelo lado inverso, será que não se criam mais empregos porque não há mais gente e jovens para trabalhar ou mesmo consumir? Por que então, estão sendo concedidos cidadanias aos descendentes europeus até 4ª geração?
O aumento exagerado do homem “gafanhoto” faz com que toda a economia cresça a taxas significativas, como é o caso de diversos países asiáticos. O crescimento da China é muito mais decorrente, dos efeitos do retardo de uma população, mesmo que se aproxima da estagnação, mas que, pelo número base anterior, leva a números reais de expressão olímpica. Exemplificando, 2% sobre uma população de 100 Milhões representam um número real de 2 Milhões que numa economia de escala, pouco efeito ou interesse terá sobre os interesses empresariais. Mas 2% sobre uma população de 1,3 Bilhões de habitantes (na China), ter-se-á um aumento real de 26 Milhões, que em termos de mercado é altamente significativo para o sistema empresarial de produção de massa. Alem deste fenômeno meramente numérico, tem-se ainda a recuperação do atraso secular de desenvolvimento econômico que este país vinha atolado ao longo da história, decorrente da sua cultura.
A nível planetário, a reprodução de alimentos para atender o número de gafanhotos humanos está chegando ao seu limite. Não que a terra não tenha espaço para mais gente. O problema está na velocidade de crescimento. A partir daqui o ser humano estará comendo seu próprio estoque (capital) de geração dos recursos naturais para seu dia-a-dia. Em outros termos, a natureza não tem tempo suficiente de se recuperar ou reciclar para as necessidades das próximas seis horas que a fome deve chegar a todos nós. Nesta perspectiva, é sombrio o horizonte demográfico malthusiano que nos aguarda.
Diversos países europeus, com seu elevado conhecimento, estão levando ao exagero, esta perspectiva de reduzir dramaticamente sua população. No curto prazo estão cometendo o suicídio demográfico. Mais de 50% das famílias italianas atuais, não tem filhos, e entre as que têm, quase a metade tem somente um e o restante, dois. Somente 5,1% das famílias têm três ou mais filhos. Parece que se procura haver uma compensação por conta de outros países que não estão nem aí para o problema demográfico, como é o caso da maioria dos países africanos, e muitos países asiáticos, tudo por questões culturais, fora a China e o Japão.
A redução demográfica, segundo alguns demógrafos, se refere à problemas de emprego e a insegurança profissional, redução que ocorre também no Brasil. Segundo dados do IBGE a taxa de fecundidade que em média era de 6,2 filhos por mulher (15 a 50 anos de idade) na década de 1950, caiu drasticamente para 1,94 em 2009, abaixo do nível 2,1, mínimo necessário de reposição das gerações. Diante destes números sombrios, estaremos em situação dos países europeus, implorando para os jovens casais terem famílias mais numerosas, subsidiados pela previdência social.
Infelizmente, nossos jovens entraram nesta onda da redução absurda e quando não, pela violência moral: o aborto. No Brasil o problema é diferente, é estrutural, país que oferece oportunidades e um imenso território a ser ocupado. O censo de 2010 deverá confirmar esta triste e nova realidade. Se não houver uma mudança de atitude, em breve os “gafanhotos” de outras regiões da terra e de “espécies” diferentes virão para cá, ocupar nosso espaço e comerão até o verde de nossa bandeira.
- Sergio Sebold – Economista e Professor – sebold@terra.com.br
https://www.alainet.org/es/node/147708
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