Riscos do economicismo
28/01/2011
- Opinión
Economistas do campo da esquerda, inclusive vários deles não ligados ao Governo da presidenta Dilma Rousseff, anunciam que as finanças e a economia brasileira vão bem-obrigado; que a política desenvolvida particularmente nos últimos oito anos para esta área é sólida; e que a crise que neste momento afeta, sobretudo, o Hemisfério Norte, pouco ou nada atingiria o nosso país.
No campo da esquerda, os que não participam desse consenso, se existem, estão em silêncio.
O bordão é sempre o mesmo.
Variam os cálculos técnicos de índices e/ou nuances do jargão do economês. Mas, noves-fora, no final das contas, as contas dão no mesmo.
CQD.
O problema é que esquecem que, além do capital estar cada vez mais globalizado, seus movimentos continuam a depender da política a ser adotada pelos grandes centros. Não falamos apenas das políticas econômicas.
Resumindo: o Governo dos EUA não deixará sua economia sucumbir sozinha. Pelo bem, ou pelo mal, a Casa Branca arrastará todos os que puder, para pagar sua falência. Ilusão imaginar que O Império se submeterá à legalidade e acordos internacionais. Inútil esperar que apenas fóruns econômicos e/ou políticos mundiais (e menos ainda regionais) possam arbitrar a possível bancarrota de Washington.
Enfim, mísseis não existem para garantir a paz, e produtos da indústria armamentista não se realizam enquanto mercadorias sem as guerras, além das guerras reativarem diretamente muitos setores da economia. Mais que isto, sabe-se que toda a indústria estadunidense pode rapidamente ser redirecionada para a produção para guerras.
Ou seja, é necessário começarmos a pensar desde agora o que fazer com a crise do grande capital. E não esqueçamos jamais, que esse grande capital tem uma forte base social interna no nosso país.
Talvez seja isto que a doutrina de segurança nacional – que está sendo reescrita pelo ministro da Defesa, doutor Nelson Jobim – queira significar, quando diz que as Forças Armadas não mais têm que se ocupar do inimigo externo, pois esse inimigo hoje está no interior das nossas fronteiras.
Bem, é tudo uma questão de ponto de vista de classe.
- Alipio Freire, jornalista e escritor, integra o Conselho Editorial do Brasil de Fato.
Fonte: Brasil de Fato, Edição 413, 21.01.2011
https://www.alainet.org/es/node/147153
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