Direita paraguaia articula golpe de Estado contra Fernando Lugo

02/09/2008
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O presidente afirmou não deixará que as Forças Militares sejam utilizadas por interesses sectários. “Não permitiremos que se atente contra a liberdade de nosso povo”, disse Lugo

O presidente do Paraguai, Fernando Lugo, denunciou, no dia 1º, uma conspiração, liderada pelo ex-mandatário Nicanor Duarte Frutos e por Lino Oviedo Silva, para dar um golpe de Estado no país. Em coletiva de imprensa, ele relatou que, no dia 31 de agosto, ocorreu uma reunião na residência de Oviedo na qual estavam presentes o presidente do Senado, Enrique González Quintana, o advogado, Lelis Olmedo, o ministro da Justiça Eleitoral, Juan Manuel Morales, e o fiscal geral do Estado, Rubén Candia Amarilla.

O general Máximo Díaz, que tem como função fazer um elo entre o parlamento e os militares, também estava presente. Foi o oficial que fez a denúncia ao governo. De acordo com ele, Oviedo lhe perguntou sobre “o que parecia às Forças Armadas a crise no Congresso Nacional”. O general respondeu que era um tema que devia ser resolvido pelos legisladores, informou Lugo na coletiva. Desde o final de agosto, o Senado está dividido em torno da aceitação ou não do nome de Nicanor Duarte para uma cadeira.

Segundo o chefe de imprensa da campanha de Lugo, Ausberto Rodrigues, a pergunta foi “sugestiva”. “A intenção deles era ouvir a afirmação do militar de que há 'mal-estar' e, assim, se convinha promover uma sublevação militar para 'salvar' a crise parlamentar”, explica ao Brasil de Fato.

“O golpe de Estado obrigaria o presidente e o vice [Julio Cesar Franco] a renunciar e a Presidência da República que seria ocupada pelo 'oviedista' Gonzáles Quintana. Somado a isso, Nicanor Duarte teria o caminho aberto para retomar o controle do país”, relata Rodrigues.

Mas a seqüência do roteiro não agradou nem a Nicanor, nem a Oviedo. O general Máximo Díaz saiu da reunião e foi informar o sucedido diretamente ao Comandante das Forças Militares do país, general Bernardino Soto Estigarribia, quem, por sua vez, informou imediatamente ao presidente.

Lugo afirmou na coletiva que não permitirá que as Forças Militares sejam utilizadas por interesses sectários. E pediu para que os paraguaios ficassem alerta ante possíveis golpes. “Não permitiremos que se atente contra a liberdade de nosso povo”, disse o presidente, que agradeceu à lealdade das Forças Armadas.

"Os projetos conspiratórios serão enfrentados com todos os recursos da lei”, expressou Lugo, ao anunciar que censura “a atitude dos concorrentes e muito particularmente dos altos magistrados Juan Manuel Morales e Candia Amarilla”. Por sua parte, o senador liberal Miguel Abdón Saguier determinou o início urgente de análises sobre medidas internas dentro do Legislativo para decidir as correspondentes medidas sobre Gonzáles Quintana.

O general Bernardino Soto Estigarribia assegurou que “as portas das Forças Armadas estão abertas aos mandatos constitucionais da República e fechados para golpes de Estado”.

Já o ministro do Interior Rafael Filizzola reforçou que os militares e as polícias estão subordinados à Constituição às leis e não vão se prestar a uma aventura golpista. “Estamos em condições de assegurar a estabilidade no Paraguai”, insistiu.

Fonte: Brasil de Fato

http://www.brasildefato.com.br


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