Em meio à crise do sindicalismo, centrais defendem a redução de jornada
28/04/2008
- Opinión
Aliança entre as maiores centrais sindicais do país vai exigir a redução no Dia do Trabalhador; fim das grandes plantas, a descentralização e a rotatividade são apontados como os principais problemas enfrentados no cotidiano do sindicalismo.
É inegável que do 1º de maio de 1886 até o de 2008 a classe trabalhadora mundial teve ganhos significativos em termos de condições de trabalho e conquistou uma representatividade política maior na sociedade. No entanto, as bandeiras da classe trabalhadora continuam sendo as mesmas, bem como o sistema econômico e social no qual ela está inserida, o capitalismo.
No histórico maio de 1886, milhares de operários do maior centro industrial dos EUA, a cidade de Chicago, foram às ruas para exigir a redução da jornada de trabalho, de 13 para 8 horas diárias. À época, os dirigentes do movimento foram condenados à forca. Num congresso de trabalhadores em 1889, em Paris, os participantes definiram o 1º de maio como o Dia Internacional do Trabalhador, para homenagear os mártires de Chicago.
Mais de um século depois, passadas diversas restruturações do sistema produtivo, os trabalhadores brasileiros têm como ponto central de sua pauta de reivindicações a redução da jornada de trabalho. No 1º de maio, uma aliança entre as maiores centrais sindicais do país vai exigir a redução da jornada de trabalho, sem diminuição do salário. Segundo Artur Henrique, presidente da CUT, maior central do país, os trabalhadores querem trabalhar por menos tempo para que as riquezas geradas por eles sejam melhor distribuídas, já que os setores financeiros, de serviços e agrícolas vêm de lucro sobre lucro. Outro fator que trouxe o tema como pauta principal das organizações dos trabalhadores é o aniversário de 20 anos da última redução de horas trabalhadas, estabelecida pela Constituição de 1988. Atualmente, a jornada máxima é de 44 horas semanais.
Entraves
As jornadas longas, os baixos salários e a constante reposição de força de trabalho mais barata, em termos econômicos, são os principais problemas apontados pelos dirigentes sindicais. No entanto, uma série de outros empecilhos são enfrentados pelos sindicatos no que se refere à capacidade de organização da classe trabalhadora. A maior parte desses entraves tem sido colocada pela maneira de se organizar a produção e pelo individualismo, caracterísitca marcante do neoliberalismo inaugurado nos anos 1980.
Desde essa década, o sindicalismo passa por uma crise. Diminuição das mobilizações, perda do protagonismo e redução da taxa de sindicalização são sinais visíveis do descenso do movimento dos trabalhadores. De 2005 para cá, estudos revelam que há uma reação da sindicalização, ainda que num cenário de crise.
Márcio Pochmann, presidente do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicada (Ipea), aponta que o número de trabalhadores sindicalizados retomou o crescimento entre 1999 e 2006. Em 1989, cerca de um terço dos trabalhadores eram sindicalizados. A partir desse ano iniciou-se a queda brusca da taxa, atingindo 15% em meados da década de 1990. Dados recentes mostram que 18% dos trabalhadores são filiados a entidades de classe. “Há uma recuperação, ainda que lenta, da taxa de sindicalização do país. Mas essa recuperação é marcada por caracterísiticas diferentes. O que tem crescido é a sindicalização no meio rural e no setor de serviços, entre trabalhadores com menor grau de escolaridade e menor remuneração. É um perfil muito diferente dos anos 1980”, relata.
No caso dos serviços, Pochmann constata que esse tipo de sindicalismo age mais como parceiro de pequenas empresas, oferecendo capacitação técnica e assessoria jurídica, do que um instrumento de defesa dos trabalhadores perante os interesses patronais. Não se trata da sindicalização de operários de grandes plantas industriais, como nos anos 1980.
Rotatividade
Aliás, o fim das grandes plantas, a descentralização e a rotatividade são apontados como os principais problemas enfrentados no cotidiano do sindicalismo. Diante da interconcorrência capitalista, as empresas buscam a restruturação produtiva para evitar quedas na taxa de lucro, de acordo com Milton Viário, presidente da Federação dos Metalúrgicos do Rio Grande do Sul. Frente a essas necessidades das empresas, aplica-se a constante substituição de força de trabalho, para diminuir a folha salarial, a terceirização e a descentralização da produção.
Um estudo da Federação apontou que um terço do quadro de funcionários é substituido anualmente no Rio Grande do Sul. Entre 2006 e 2007, 50 mil metalúrgicos foram demitidos e 56 mil admitidos. Com isso, as empresas diminuiram sua folha de pagamento em R$ 5 milhões. Para Viário, a alta rotatividade gera um clima de estranheza, que diminui a sociabilidade no ambiente de trabalho. “Esse processo de rotatividade rebaixa salário e desorganiza o ambiente de trabalho”, diz Viário.
É inegável que do 1º de maio de 1886 até o de 2008 a classe trabalhadora mundial teve ganhos significativos em termos de condições de trabalho e conquistou uma representatividade política maior na sociedade. No entanto, as bandeiras da classe trabalhadora continuam sendo as mesmas, bem como o sistema econômico e social no qual ela está inserida, o capitalismo.
No histórico maio de 1886, milhares de operários do maior centro industrial dos EUA, a cidade de Chicago, foram às ruas para exigir a redução da jornada de trabalho, de 13 para 8 horas diárias. À época, os dirigentes do movimento foram condenados à forca. Num congresso de trabalhadores em 1889, em Paris, os participantes definiram o 1º de maio como o Dia Internacional do Trabalhador, para homenagear os mártires de Chicago.
Mais de um século depois, passadas diversas restruturações do sistema produtivo, os trabalhadores brasileiros têm como ponto central de sua pauta de reivindicações a redução da jornada de trabalho. No 1º de maio, uma aliança entre as maiores centrais sindicais do país vai exigir a redução da jornada de trabalho, sem diminuição do salário. Segundo Artur Henrique, presidente da CUT, maior central do país, os trabalhadores querem trabalhar por menos tempo para que as riquezas geradas por eles sejam melhor distribuídas, já que os setores financeiros, de serviços e agrícolas vêm de lucro sobre lucro. Outro fator que trouxe o tema como pauta principal das organizações dos trabalhadores é o aniversário de 20 anos da última redução de horas trabalhadas, estabelecida pela Constituição de 1988. Atualmente, a jornada máxima é de 44 horas semanais.
Entraves
As jornadas longas, os baixos salários e a constante reposição de força de trabalho mais barata, em termos econômicos, são os principais problemas apontados pelos dirigentes sindicais. No entanto, uma série de outros empecilhos são enfrentados pelos sindicatos no que se refere à capacidade de organização da classe trabalhadora. A maior parte desses entraves tem sido colocada pela maneira de se organizar a produção e pelo individualismo, caracterísitca marcante do neoliberalismo inaugurado nos anos 1980.
Desde essa década, o sindicalismo passa por uma crise. Diminuição das mobilizações, perda do protagonismo e redução da taxa de sindicalização são sinais visíveis do descenso do movimento dos trabalhadores. De 2005 para cá, estudos revelam que há uma reação da sindicalização, ainda que num cenário de crise.
Márcio Pochmann, presidente do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicada (Ipea), aponta que o número de trabalhadores sindicalizados retomou o crescimento entre 1999 e 2006. Em 1989, cerca de um terço dos trabalhadores eram sindicalizados. A partir desse ano iniciou-se a queda brusca da taxa, atingindo 15% em meados da década de 1990. Dados recentes mostram que 18% dos trabalhadores são filiados a entidades de classe. “Há uma recuperação, ainda que lenta, da taxa de sindicalização do país. Mas essa recuperação é marcada por caracterísiticas diferentes. O que tem crescido é a sindicalização no meio rural e no setor de serviços, entre trabalhadores com menor grau de escolaridade e menor remuneração. É um perfil muito diferente dos anos 1980”, relata.
No caso dos serviços, Pochmann constata que esse tipo de sindicalismo age mais como parceiro de pequenas empresas, oferecendo capacitação técnica e assessoria jurídica, do que um instrumento de defesa dos trabalhadores perante os interesses patronais. Não se trata da sindicalização de operários de grandes plantas industriais, como nos anos 1980.
Rotatividade
Aliás, o fim das grandes plantas, a descentralização e a rotatividade são apontados como os principais problemas enfrentados no cotidiano do sindicalismo. Diante da interconcorrência capitalista, as empresas buscam a restruturação produtiva para evitar quedas na taxa de lucro, de acordo com Milton Viário, presidente da Federação dos Metalúrgicos do Rio Grande do Sul. Frente a essas necessidades das empresas, aplica-se a constante substituição de força de trabalho, para diminuir a folha salarial, a terceirização e a descentralização da produção.
Um estudo da Federação apontou que um terço do quadro de funcionários é substituido anualmente no Rio Grande do Sul. Entre 2006 e 2007, 50 mil metalúrgicos foram demitidos e 56 mil admitidos. Com isso, as empresas diminuiram sua folha de pagamento em R$ 5 milhões. Para Viário, a alta rotatividade gera um clima de estranheza, que diminui a sociabilidade no ambiente de trabalho. “Esse processo de rotatividade rebaixa salário e desorganiza o ambiente de trabalho”, diz Viário.
Fonte: Brasil de Fato
http://www.brasildefato.com.br
https://www.alainet.org/es/node/127242
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