Israel, um Estado terrorista

16/07/2006
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Sempre apoiei o povo judeu, um povo que sofreu o holocausto, a diáspora, perseguições, torturas e morte, mas teve dignidade, resistiu à opressão e lutou por seus valores religiosos, culturais e unidade do povo. Tenho colocado reiteradamente e somado minha voz a muitas outras no mundo, que o povo israelense tem direito à sua existência, mas também tem os mesmos direitos que o povo palestino, hoje oprimido e massacrado pelo Estado de Israel. É doloroso ter que observar os comportamentos aberrantes que o Estado de Israel vem cometendo contra o povo palestino, atacando, destruindo, oprimindo e massacrando a população; mulheres, crianças, jovens são vítimas dessas atrocidades. Não podemos nos calar, devemos denunciar e reclamar. Basta! O Muro de Berlim foi derrubado, mas levantaram-se outros como o que Israel construiu para dividir o povo palestino. Acreditando que isso lhes desse maior segurança, fez o contrário, gerou maior enfrentamento, dor e divisão. Mas os muros mais difíceis de derrubar são os que existem na mente e no coração, os muros da intolerância e do ódio. Os ataques, a destruição e a morte em Gaza e no Líbano e as ameaças permanentes a outros povos, têm levado o Estado de Israel a se transformar num Estado terrorista, utilizando as torturas e os ataques à população civil nos quais as vítimas são mulheres e crianças. Até quando continuará essa política de terror? Sabemos que a maioria do povo de Israel está de acordo com a política de destruição e morte levada adiante pelo governo israelense, apoiado pelos Estados Unidos e pelo silêncio dos governos europeus; cúmplices do horror desencadeado no Oriente Médio. Porém, tanto em Israel quanto na Palestina, estão os que desejam dialogar, resolver o conflito e respeitar a existência dos dois povos. Isso é possível se existir vontade política e popular em alcançar, com o apoio da comunidade internacional. Lamentavelmente, as Nações Unidas (ONU) têm perdido espaço e coragem nas decisões para contribuir à solução de enfrentamento entre os dois povos, situação que põe em sério risco a Paz mundial. A ONU foi dominada pelas grandes potências que a usam para atender a seus interesses, e não às necessidades da humanidade. É necessária uma reforma profunda, democratizar suas estruturas e fazê-las mais operacionais e eficazes para o bem dos povos. É certo que há ataques e eixos de violência desencadeados por setores do povo palestino que reclamam de seus direitos. Não é por meio da violência, que gera mais violência entre as partes, que o conflito se resolverá. Mahatma Gandhi dizia que se se aplica o " 'olho por olho', terminaremos todos cegos". Os governantes do Estado de Israel estão ficando cegos e arrastando o povo ao abismo. É necessário que a comunidade internacional reaja e detenha a loucura dos governos, antes que seja tarde. Porém é mais necessário que israelenses e palestinos reajam e compreendam que não podem continuar se matando. Os responsáveis da barbárie tem que parar a loucura na qual se encontram, não há outra saída. Devem fazer isso para o bem dos povos e da humanidade. Buenos Aires, 14 de julho de 2006. - Adolfo Pérez Esquivel foi prêmio Nobel da Paz. Fonte: http://www.brasildefato.com.br
https://www.alainet.org/es/node/116148?language=en
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