A marcha a Brasília

28/04/2005
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O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra) e a seção brasileira da Via Campesina começam domingo a marchar para Brasília em defesa da reforma agrária e da soberania nacional. Lula deu nesta sexta-feira sua primeira entrevista coletiva à imprensa brasileira. Falou o óbvio e com um único objetivo: a reeleição. O tempo todo justificou a política econômica ditada pelo sistema financeiro internacional como a única alternativa. Aceitou o estupro e está se deliciando no poder. O Brasil vive um momento agudo em termos de ameaças à sua soberania. A chamada nova ordem econômica quer a Amazônia, que a água e quer o Brasil “domesticando” Chávez. Controla as comunicações, o setor de energia, avança sobre o petróleo, opera livremente através de agentes da CIA e do FBI na Tríplice Fronteira e o cônsul dos EUA em Recife investiga o MST. Sobre soberania, sobre um projeto para o País Lula não deu uma palavra. Montou um palanque transmitido ao vivo para todo o Brasil em defesa do ministro da Fazenda Antônio Palocci. E de mais quatro anos de governo. O governo Lula nem vai mudar o destino da humanidade, muito menos o quadro político, econômico e social brasileiro. Os rompantes de independência são como diria Getúlio Vargas “guampada de boi manso”. A marcha do MST e da Via Campesina mobiliza trabalhadores rurais sem terra de todo os cantos do Brasil, movimento popular de um modo geral e vai rumo a Brasília denunciar a cumplicidade do governo com a MONSANTO. O Ministério da Agricultura é uma espécie de escritório da empresa entre nós. A capitulação na Amazônia onde o projeto de parcerias públicos privadas vai oficializar a entrega da região ao capital estrangeiro e, particularmente, aos interesses estratégicos dos EUA na América do Sul. A curto, médio e longo prazo o Brasil transforma sua terras agriculturáveis em desertos por conta da ganância desmedida do latifúndio escravocrata e podre, cercado de pistoleiros. A secretária de Estado Condoleezza Rice, quando aqui, há poucos dias, falou quase que às moscas no auditório do Memorial JK. Foi preciso que jornalistas isolados pela segurança viessem ocupar cadeiras para dar a impressão que estava cheio. Deu seu recado. Jabuticaba do governo Bush (negro por fora branco por dentro), fez críticas à Venezuela e chamou o Brasil de parceiro e potência regional. O pior é que Lula acredita, do contrário não teríamos tropas ocupando o Haiti. A mobilização do MST e da Via Campesina traz a compreensão e o chamado para a necessidade da luta permanente. O PT hoje é um partido de burocratas disputando cargos e espaços remunerados, com raras exceções. Não tem nada a ver com isso. Fora desse campo, a luta popular, não existe alternativa possível. O que é institucional ou está em mãos de Severino ou de Lula, não há muita diferença. Lula significa Furlan, Roberto Rodrigues, Palocci, Meireles e esses caras não têm compromisso algum com o Brasil e os brasileiros. Se comprazem no caráter apátrida da nova ordem. O presidente se me apresenta hoje como espantalho, alguém que espantou sua história. Um pediu que o esquecessem, Figueiredo. Outro, que esquecessem o que escreveu. Lula que esqueçam a sua história. Jogou no lixo, a entrevista de hoje comprova isso, o fecho de um processo lamentável.
https://www.alainet.org/es/node/111875?language=en
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