Brasil se une à Jornada Continental contra a ALCA
20/11/2003
- Opinión
Brasil se une à Jornada Continental contra as negociações em Miami
Em todo o Continente das Américas vai crescendo, em todos os setores
da população, a consciência dos graves perigos que representa a ALCA
para o futuro dos nossos países, para a nossa soberania, dignidade e
liberdade. A ALCA é uma proposta - ou melhor, uma imposição - dos
EUA para aumentar e institucionalizar a sua hegemonia econômica,
política e cultural. Por isso, ao mesmo tempo em que ocorre a
jornada de negociações em Miami, esses povos das Américas realizam
manifestações por todo o continente repudiando a imposição desse
tratado.
Aceitar a ALCA é aceitar o domínio das nossas vidas, famílias,
culturas, dos nossos valores e tradições, pela lógica da
concorrência, da idolatria do dinheiro, do consumismo, da destruição
da terra, do mercado sem limites nem controle, que querem impor um
grupo reduzido de empresas multinacionais norte-americanas. Aceitar
a ALCA é aceitar a invasão, anexação e dominação neocolonial
definitivas por uma minoria de privilegiados, que querem aumentar as
suas riquezas e os seus poderes. A ALCA não responde às necessidades
básicas da maioria da população, enquanto aumenta as desigualdades,
a miséria e a marginalização de muitos.
A Campanha Brasileira contra a Alca rejeita a lógica destruidora e
perversa da proposta da ALCA, escondida pelo meios de comunicação
dos que a promovem e em consonância com a Campanha pan-americana da
Aliança Social Continental, pede ao Governo Brasileiro e aos
Governos dos demais países que se retirar do processo de negociação,
pois, quanto mais negocia mais é difícil não aceitar as "regras do
jogo" impostas pelo gigante da partida, e mais é difícil não ceder
parte da sua autonomia em compensação de algumas miragens.
No Brasil em setembro de 2002, pouco antes da eleição do Governo
Lula, mais de 10 milhões de cidadãos e cidadãs se pronunciaram em
plebiscito popular contra a participação do Brasil nas negociações.
Dois meses atrás, em setembro de 2003, entregamos aos três poderes
públicos mais de 3 milhões de assinaturas, expressando de novo o
repúdio de numerosos setores organizados da sociedade da
participação de governo Lula nas negociações. Desde o início, a
Campanha conclama o governo a organizar um plebiscito oficial - como
se faz em muitos países - sobre a ALCA, tema muito decisivo para o
futuro dos nossos filhos/as e do nosso país. A Campanha propõe outro
modelo de integração do Continente, colocando a economia e o
comércio a favor da luta contra a miséria e para a inclusão social.
No Brasil, um modelo de desenvolvimento a favor da maioria da
população passa em prioridade pela Reforma Agrária. Um novo Plano
Nacional de Reforma Agrária foi apresentado ao governo e ao
Presidente da República. Mais de 2000 camponeses/as e outros
cidadãos/ãs marcharam com grande dignidade desde Goiânia até
Brasília para apresentar este novo Plano. Eles se juntam hoje a este
ato de protesto. A Campanha Jubileu Sul Brasil, que reuni boa parte
dos movimentos sociais e populares do país, proclama a urgência
social, humana e ética, de pôr enfim em prática a Reforma Agrária,
tão esperada.
Enfim, a campanha denuncia os acordos de ajuste fiscal sucessivos
com o FMI que institucionalizam a transferências para países mais
ricos dos frutos do trabalho do povo brasileiro. É insuportável e
inadmissível que, em 2003, o país vai pagar aproximadamente 155 bi
de reais para os juros da dívida pública, enquanto esta continua
aumentando. O superávit primário de 4,25% do PIB é um roubo dum
valor de 60 bilhões de reais do sangue e da vida do povo. A Campanha
se pronuncia contra a renovação do acordo do Brasil com o FMI, e
conclama a sociedade toda a se posicionar contra essa repactuação.
Neste momento em que todos os povos das Américas unem-se em protesto
contra as negociações da Alca a Campanha Brasileira na qual estão
inseridas centenas de organizações e movimentos sociais e sindicais
manifestamos nosso irrestrito apoio e solidariedade às lutas
ocorridas nos demais países e em especial a que acontece em Miami,
para qual também enviamos nossos representantes com a finalidade de
expressar pessoalmente aos governantes nossa insatisfação com o
processo negocial e nossa posição firme contra a implantação, não só
da Alca como de quaisquer tratados ou acordos que ameacem a
soberania dos povos e subordinem a vida à interesses comerciais e
políticos.
Nas atividades que estaremos realizando no Brasil neste 21 de
novembro, voltaremos nossa atenção à reunião de Miami e vamos
expressar, junto aos demais países nossa veemente discordância com
as negociações em curso e em defesa do plebiscito oficial.
* Campanha Nacional contra a ALCA. 21 de novembro de 2003.
VIDA SIM, ALCA NÃO!
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