É hora do plebiscito oficial sobre ALCA e MERCOSUL
08/10/2003
- Opinión
As declarações do Ministro da Agricultura Roberto Rodrigues sobre a necessidade
de uma economia com um comércio exterior cada vez mais centrado nas exportações
agrícolas negociar prioritariamente a participação do Brasil na Alca, para não
ver afetada sua entrada no maior mercado importador do mundo – o norte-americano.
Ao defender as posições - que Clovis Rossi bem caracterizou como de "quinta
colunas", tentando enfraquecer de dentro do governo as posições oficiais
brasileiras em relação à Alca e ao Mercosul - Rodrigues evidenciou como a
prioridade de uma ou de outra forma de integração ao mercado mundial implica em
modelos econômicos diferentes e até mesmo antagônicos e como a opção por uma ou
outra prioridade têm implicações estratégicas sobre o futuro do Brasil,
requerendo efetivamente a realização de um plebiscito oficial para que o povo
brasileiro decida de forma direta sobre os seus destinos futuros.
Um modelo que tem na exportação de produtos primários um de seus eixos
fundamentais, aliado à liberalização econômica, que debilita a capacidade
industrial e tem feito regredir a pauta exportadora brasileira e sua capacidade
competitiva no mercado internacional conduz o país obrigatoriamente na direção da
Alca – com todas suas conseqüências negativas -, pela dependência que gera de um
comércio exterior saturado e com preços sempre em baixa. Não por acaso os
Ministros da Agricultura e do Desenvolvimento – recebendo o apoio dos Ministros
da área econômica – defendem esta via, que representa a manutenção e o
aprofundamento dos princípios liberais que ter norteado a política econômica e a
prioridade exportadora. A Alca é o seu desembocadouro natural, representando a
consolidação da forma atual de inserção subordinada do Brasil no mercado mundial.
A lógica da prioridade do Mercosul é distinta. Ela supõe a integração regional, o
favorecimento dos mercados internos dos países da região, portanto o incentivo ao
desenvolvimento industrial e tecnológico, o fortalecimento da capacidade de
consumo do mercado interno – condições de uma inserção soberana do Brasil no
mercado internacional. Esta posição, sustentada pelo Ministério de Relações
Exteriores, com grande sucesso – ao contrário do que dizem os órgãos da mídia e
dos colunistas que se deixam pautar diretamente pela posição norte-americana e
aderem à postura de quinta-colunas -, é a que melhor expressa a prioridade do
social – atendendo assim as necessidades dos Ministérios da área social – com que
Lula foi eleito.
O presidente brasileiro reafirmou esta semana a linha do Itamaraty. Essa opção,
pela transcendência que têm para o tipo de país que queremos construir, requer
uma participação direta da cidadania, mediante um plebiscito oficial – conforme
expressou o PT em resolução aprovada este ano e conforme pleiteiam os movimentos
sociais e civis. Desta forma o governo poderia contar com uma definição clara e
expressa da população brasileira, que fortaleceria sua orientação no plano
externo, com seus desdobramentos internos. Uma data como a de 21 de abril do
próximo ano pode ser uma boa escolha para que os brasileiros se pronunciem pela
prioridade da Alca ou do Mercosul e, através dela, do futuro que querem para o
Brasil.
https://www.alainet.org/es/node/108522?language=en
Del mismo autor
- Hay que derrotar políticamente a los militares brasileños 07/04/2022
- China y Trump se fortalecen 04/03/2022
- Pandemia e Ucrânia aceleram decadência da hegemonia norte-americana no mundo 28/02/2022
- Pandemia y Ucrania aceleran la decadencia de la hegemonía norteamericana en el mundo 28/02/2022
- La anti-política generó la fuerza de extrema derecha 22/02/2022
- Las responsabilidades del PT 10/02/2022
- Estados Unidos, más aislado que nunca en América Latina 03/02/2022
- Memoria y olvido en Brasil 27/01/2022
- 2022: tiempos decisivos para Brasil y Colombia 05/01/2022
- Brasil: una historia hecha de pactos de élite 18/12/2021