Vaias para o Brasil em Santo Domingo

17/08/2003
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Desta vez, quando chegou em missão de paz, o Brasil conquistou a simpatia dos dominicanos. Mas uma outra vez, quando desembarcamos em missão de guerra, o Brasil foi vaiado e repudiado na República Dominicana. Havia sido assassinado o ditador Rafael Trujillo (no poder de 1930 a 1961), homem de confiança dos EUA no país. Em seguida houve convocação de eleições, em 1962, e triunfou Juan Bosch, dirigente popular, consagrado como líder da resistência à ditadura de Trujillo. Naqueles tempos de guerra fria, quando havia recém triunfado um movimento revolucionário ali mesmo no Caribe, em Cuba, apenas seis anos antes, os EUA não queriam correr o risco de nenhuma outra surpresa. Todos os líderes populares independentes da área que se opunham a Washington, ou terminavam aderindo às políticas norte- americanas, ou caíam, de uma ou outra forma. Não foi diferente o destino do governo de Bosch, derrubado em O movimento golpista, realizado em 1963, foi liderado por Joaquin Balaguer, que substituiu Trujillo como homem dos EUA no país. Um movimento de militares constitucionalistas, liderado pelo coronel Francisco Caamaño, tomou o governo em um movimento militar em 1965. Antes que completasse um mês, o tropas norte-americanas, com o beneplácito da OEA e a participação de tropas brasileiras, invadiram o país e entregaram o governo a Balaguer. A ditadura militar brasileira, tendo naquele momento a Castello Branco como sua cabeça, mandou a oficiais e a soldados brasileiros consolidar a invasão norte-americana, dirigidos pelo general Meira Mattos, um dos principais líderes do golpe militar de um ano antes. Os brasileiros foram repudiados, deixando uma imagem negativa para o Brasil. Anos depois, quando terminava a ditadura militar brasileira, um grupo de brasileiros estávamos num congresso sobre a dívida externa em Cuba. A delegação brasileira resolveu se dirigir ao presidente deposto da República Domincana, Juan Bosch, com participação de militares brasileiras, para explicar-lhe que aquela atitude havia sido tomada à revelia do povo brasileiro, submetido a uma ditadura militar, que havia usurpado a vontade do nosso povo e que aquilo não voltaria a se repetir. Mesmo entendendo a situação, pudemos sentir o ressentimento que aquela intervenção brasileira havia causado no povo dominicano.
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