Manifesto dos trabalhadores, artistas, políticos e intelectuais negros de apoio a Lula

01/10/2002
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Nosso Brasil tem 502 anos. Cinco séculos em que inegavelmente todos os grupos raciais – indígena, negro, branco e amarelo, contribuíram para construção da riqueza deste país. Os trabalhadores negros após quatro séculos de escravização, ao conquistarem a 114 anos a liberdade formal, foram entregues a sua própria sorte. Desde então engrossaram as fileiras dos pobres e excluídos dos bens materiais, econômicos e políticos da nação. Apesar da história oficial brasileira ocultar os malefícios e perversidades da situação vivida por mais da metade da população, nós negros temos resistido e nos firmado no espaço público. Muitos deixaram sua marca – Zumbi, político que liderou a luta do quilombo dos palmares; Luiza Mahin, ativista que liderou a revolta dos Malês em Salvador; Machado de Assis, escritor que através da literatura qualificou a vida do povo brasileiro; Milton Santos, intelectual que com sua capacidade fez ligação do país com o mundo; Lélia Gonzáles, socióloga e ativista que contribuiu para a inclusão de homens e mulheres negros na política; Grande Otelo, ator que através de sua imagem deu visibilidade ao negro na mídia; Clementina de Jesus (rainha Quelé), que com sua voz fez a diferença na musica popular brasileira; João do Pulo, desportista que consagrou o negro no atletismo, Mãe Menininha do Cantois, mãe de santo que com os orixás resgatou o respeito a religião africana. Na atualidade alguns se destacam – Abdias Nascimento, intelectual e político; Benedita da Silva, assistente social, senadora e governadora do Rio de Janeiro; Gilberto Gil, compositor e interprete; Zezé Mota, atriz e ativista; Zequinha Barbosa, desportista e atleta; Raimundinha, quebradeira de coco e líder popular; Vicentinho, sindicalista e deputado federal; Cleusa, sindicalista e líder das trabalhadoras domésticas; Mãe Beata, líder religiosa; Paulo Lima, cineasta; Benedito Mariano, sociólogo e Secretário Municipal de Segurança Pública de São Paulo; Lecy Brandão, compositora e interprete. Estas e tantas outras personalidades na labuta cotidiana nas áreas urbanas e rurais, a partir da produção material, intelectual, cultural, religiosa e política, criam e recriam a história e deixam seu legado para o país e para a humanidade. Todos os povos – indígenas, negros, brancos e asiáticos bebem destas fontes, por isso constatamos que estas contribuições tem valor imensurável para a sustentação do gigante Brasil. Nós negros, que sabemos o que é furar o cerco e sobreviver às adversidades, não podemos nos calar diante deste momento impar da história do país – a eleição presidencial. Está chegando a hora de podermos fazer valer a tão sonhada democracia – onde possamos construir novas relações com base justiça social e racial. Sabemos que o Estado e os governos não são neutros do ponto de vista das questões raciais. Cabe a estes assegurar a todo brasileiro igualdade de oportunidades, de tratamento e uma justa distribuição de terra, do poder político e da riqueza nacional. Mais do que divulgar ações afirmativas, impõe-se a necessidade de criar condições reais que tornem justas as possibilidades dos indivíduos que transformem a democracia formal, em democracia plena, a igualdade formal em igualdade autêntica. Diante disso, não podemos deixar de reconhecer a importância de eleger LULA – Presidente do Brasil. Temos que ter consciência que esta não é mais uma eleição, é a primeira vez na história que temos um trabalhador-estadista liderando as pesquisas de intenção de voto e com fortes chances de ser eleito presidente do país. Temos muitas razões para apoiar LULA para Presidente do Brasil: * um trabalhador-estadista que despontou politicamente como um operário que produziu peças para a engrenagem das máquinas, mas também produziu novas relações e expressões humanas; * um líder que através de diferentes formas de participação – principalmente no movimento sindical e partidário, ouve, conversa e acumula saberes. Aqueles saberes cotidianos que só quem tem muita sensibilidade, perspicácia, capacidade e disponibilidade de aprender e de apreender consegue adquirir; * um brasileiro que conhece profunda e competentemente a realidade brasileira. Reflete sobre esta realidade e propõe soluções para a fome, pobreza, desemprego, violência, moradia, educação, saúde, racismo, enfim para tudo que diz respeito à vida; * um político que dialoga com as diferenças e os diferentes, propõe-se a trabalhar coletivamente, tendo ao seu lado pessoas também competentes para governar o país; Por tudo isto, reflete ter compreendido que ninguém governa sozinho, por isso defendeu e construiu um amplo arco de alianças promovendo um novo pacto de desenvolvimento econômico e social. Sabemos, no entanto, que não é fácil mudar os rumos da história, mas nunca é demais ressaltar que o combate ao racismo deve ser feito por todos, pois uma sociedade verdadeiramente democrática, sem racismo é uma utopia que começamos a concretizar desde já, como uma tarefa coletiva para todo o povo brasileiro. Neste manifesto contestamos nos 502 anos de existência do país, a ditadura militar, o racismo e a exclusão. Por isso lançamos 502 assinaturas de apoio e esperança em mudanças: apostamos na construção de um Brasil decente; botamos fé, batemos o pé e queremos LULA. Coligação LULA Presidente Partido dos Trabalhadores (PT)
Partido Comunista do Brasil (PCdoB)
Partido Liberal (PL)
Partido da Mobilização Nacional (PMN)
Partido Comunista Brasileiro (PCB)
Partido Socialista Brasileiro (PSB)
+ 502 assinaturas .....
https://www.alainet.org/es/node/106573
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