45 escândalos que marcaram o governo FHC
24/06/2002
- Opinión
1 - Conivência com a corrupção
O governo do PSDB tem sido conivente com a corrupção. Um dos primeiros gestos
de FHC ao assumir a Presidência, em 1995, foi extinguir, por decreto, a
Comissão Especial de Investigação, instituída no governo Itamar Franco e
composta por representantes da sociedade civil, que tinha como objetivo
combater a corrupção. Em 2001, para impedir a instalação da CPI da Corrupção,
FHC criou a Controladoria-Geral da União, órgão que se especializou em abafar
denúncias.
2 - O escândalo do Sivam
O contrato para execução do projeto Sivam foi marcado por escândalos. A
empresa Esca, associada à norte-americana Raytheon, e responsável pelo
gerenciamento do projeto, foi extinta por fraudes contra a Previdência.
Denúncias de tráfico de influência derrubaram o embaixador Júlio César dos
Santos e o ministro da Aeronáutica, Brigadeiro Mauro Gandra.
3 - A farra do Proer
O Proer demonstrou, já em 1996, como seriam as relações do governo FHC com o
sistema financeiro. Para FHC, o custo do programa ao Tesouro Nacional foi de
1% do PIB. Para os ex-presidentes do BC, Gustavo Loyola e Gustavo Franco,
atingiu 3% do PIB. Mas para economistas da Cepal, os gastos chegaram a 12,3%
do PIB, ou R$ 111,3 bilhões, incluindo a recapitalização do Banco do Brasil,
da CEF e o socorro aos bancos estaduais.
4 - Caixa-dois de campanhas
As campanhas de FHC em 1994 e em 1998 teriam se beneficiado de um esquema de
caixa-dois. Em 1994, pelo menos R$ 5 milhões não apareceram na prestação de
contas entregue ao TSE. Em 1998, teriam passado pela contabilidade paralela
R$ 10,1 milhões.
5 - Propina na privatização
A privatização do sistema Telebrás e da Vale do Rio Doce foi marcada pela
suspeição. Ricardo Sérgio de Oliveira, ex-caixa de campanha de FHC e do
senador José Serra e ex-diretor da Área Internacional do Banco do Brasil, é
acusado de pedir propina de R$ 15 milhões para obter apoio dos fundos de
pensão ao consórcio do empresário Benjamin Steinbruch, que levou a Vale, e de
ter cobrado R$ 90 milhões para ajudar na montagem do consórcio Telemar.
6 - A emenda da reeleição
O instituto da reeleição foi obtido por FHC a preços altos. Gravações
revelaram que os deputados Ronivon Santiago e João Maia, do PFL do Acre,
ganharam R$ 200 mil para votar a favor do projeto. Os deputados foram
expulsos do partido e renunciaram aos mandatos. Outros três deputados
acusados de vender o voto, Chicão Brígido, Osmir Lima e Zila Bezerra, foram
absolvidos pelo plenário da Câmara.
7 - Grampos telefônicos
Conversas gravadas de forma ilegal foram um capítulo à parte no governo FHC.
Durante a privatização do sistema Telebrás, grampos no BNDES flagraram
conversas de Luiz Carlos Mendonça de Barros, então ministro das Comunicações,
e André Lara Resende, então presidente do BNDES, articulando o apoio da Previ
para beneficiar o consórcio do banco Opportunity, que tinha como um dos donos
o economista Pérsio Arida, amigo de Mendonça de Barros e de Lara Resende. Até
FHC entrou na história, autorizando o uso de seu nome para pressionar o fundo
de pensão dos funcionários do Banco do Brasil.
8 - TRT paulista
A construção da sede do TRT paulista representou um desvio de R$ 169 milhões
aos cofres públicos. A CPI do Judiciário contribuiu para levar o juiz Nicolau
dos Santos Neto, ex-presidente do Tribunal, para a cadeia e para cassar o
mandato do Senador Luiz Estevão (PMDB-DF), dois dos principais envolvidos no
caso.
9 - Os ralos do DNER
O DNER foi o principal foco de corrupção no governo de FHC. Seu último avanço
em matéria de tecnologia da propina atende pelo nome de precatórios. A
manobra consiste em furar a fila para o pagamento desses títulos. Estima-se
que os beneficiados pela fraude pagavam 25% do valor dos precatórios para a
quadrilha que comandava o esquema. O órgão acabou sendo extinto pelo governo.
10 - O "caladão"
O Brasil calou no início de julho de 1999 quando o governo FHC implementou o
novo sistema de Discagem Direta a Distância (DDD). Uma pane geral deixou os
telefones mudos. As empresas que provocaram o caos no sistema haviam sido
recém-privatizadas. O "caladão" provocou prejuízo aos consumidores, às
empresas e ao próprio governo. Ficou tudo por isso mesmo.
11 - Desvalorização do real
FHC se reelegeu em 1998 com um discurso que pregava "ou eu ou o caos".
Segurou a quase paridade entre o real e o dólar até passar o pleito. Vencida
a eleição, teve de desvalorizar a moeda. Há indícios de vazamento de
informações do Banco Central. O deputado Aloizio Mercadante, do PT, divulgou
lista com o nome dos 24 bancos que lucraram muito com a mudança cambial e
outros quatro que registraram movimentação especulativa suspeita às vésperas
do anúncio das medidas.
12 - O caso Marka/FonteCindam
Durante a desvalorização do real, os bancos Marka e FonteCindam foram
socorridos pelo Banco Central com R$ 1,6 bilhão. O pretexto é que a quebra
desses bancos criaria risco sistêmico para a economia. Chico Lopes, ex-
presidente do BC, e Salvatore Cacciola, ex-dono do Banco Marka, estiveram
presos, ainda que por um pequeno lapso de tempo. Cacciola retornou à sua
Itália natal, onde vive tranqüilo.
13 - Base de Alcântara
O governo FHC enfrenta resistências para aprovar o acordo de cooperação
internacional que permite aos Estados Unidos usarem a Base de Lançamentos
Espaciais de Alcântara (MA). Os termos do acordo são lesivos aos interesses
nacionais. Exemplos: áreas de depósitos de material americano serão
interditadas a autoridades brasileiras. O acesso brasileiro a novas
tecnologias fica bloqueado e o acordo determina ainda com que países o Brasil
pode se relacionar nessa área. Diante disso, o PT apresentou emendas ao
tratado - todas acatadas na Comissão de Relações Exteriores da Câmara.
14 - Biopirataria oficial
Antigamente, os exploradores levavam nosso ouro e pedras preciosas. Hoje,
levam nosso patrimônio genético. O governo FHC teve de rever o contrato
escandaloso assinado entre a Bioamazônia e a Novartis, que possibilitaria a
coleta e transferência de 10 mil microorganismos diferentes e o envio de
cepas para o exterior, por 4 milhões de dólares. Sem direito ao recebimento
de royalties. Como um único fungo pode render bilhões de dólares aos
laboratórios farmacêuticos, o contrato não fazia sentido. Apenas oficializava
a biopirataria.
15 - O fiasco dos 500 anos
As festividades dos 500 anos de descobrimento do Brasil, sob coordenação do
ex-ministro do Esporte e Turismo, Rafael Greca (PFL-PR), se transformaram num
fiasco monumental. Índios e sem-terra apanharam da polícia quando tentaram
entrar em Porto Seguro (BA), palco das comemorações. O filho do presidente,
Paulo Henrique Cardoso, é um dos denunciados pelo Ministério Público de
participação no epísódio de superfaturamento da construção do estande
brasileiro na Feira de Hannover, em 2000.
16 - Eduardo Jorge, um personagem suspeito
Eduardo Jorge Caldas, ex-secretário-geral da Presidência, é um dos
personagens mais sombrios que freqüentou o Palácio do Planalto na era FHC.
Suspeita-se que ele tenha se envolvido no esquema de liberação de verbas para
o TRT paulista e em superfaturamento no Serpro, de montar o caixa-dois para a
reeleição de FHC, de ter feito lobby para empresas de informática, e de
manipular recursos dos fundos de pensão nas privatizações. Também teria
tentado impedir a falência da Encol.
17 - Drible na reforma tributária
O PT participou de um acordo, do qual faziam parte todas as bancadas com
representação no Congresso Nacional, em torno de uma reforma tributária
destinada a tornar o sistema mais justo, progressivo e simples. A bancada
petista apoiou o substitutivo do relator do projeto na Comissão Especial de
Reforma Tributária, deputado Mussa Demes (PFL-PI). Mas o ministro da Fazenda,
Pedro Malan, e o Palácio do Planalto impe-diram a tramitação.
18 - Rombo transamazônico na Sudam
O rombo causado pelo festival de fraudes transamazônicas na Superintendência
de Desenvolvimento da Amazônia, a Sudam, no período de 1994 a 1999,
ultrapassa R$ 2 bilhões. As denúncias de desvios de recursos na Sudam levaram
o ex-presidente do Senado, Jader Barbalho (PMDB-PA) a renunciar ao mandato.
Ao invés de acabar com a corrupção que imperava na Sudam e colocar os
culpados na cadeia, o presidente Fernando Henrique Cardoso resolveu extinguir
o órgão. O PT ajuizou ação de inconstitucionalidade no Supremo Tribunal
Federal contra a providência do governo.
19 - Os desvios na Sudene
Foram apurados desvios de R$ 1,4 bilhão em 653 projetos da Superintendência
de Desenvolvimento do Nordeste, a Sudene. A fraude consistia na emissão de
notas fiscais frias para a comprovação de que os recursos recebidos do Fundo
de Investimentos do Nordeste (Finor) foram aplicados. Como no caso da Sudam,
FHC decidiu extinguir o órgão. O PT também questionou a decisão no Supremo
Tribunal Federal.
20 - Calote no Fundef
O governo FHC desrespeita a lei que criou o Fundef. Em 2002, o valor mínimo
deveria ser de R$ 655,08 por aluno/ano de 1ª a 4ª séries e de R$ 688,67 por
aluno/ano da 5ª a 8ª séries do ensino fundamental e da educação especial. Mas
os valores estabelecidos ficaram abaixo: R$ 418,00 e R$ 438,90,
respectivamente. O calote aos estados mais pobres soma R$ 11,1 bilhões desde
1998.
21 - Abuso de MPs
Enquanto senador, FHC combatia com veemência o abuso nas edições e reedições
de Medidas Provisórias por parte José Sarney e Fernando Collor. Os dois
juntos editaram e reeditaram 298 MPs. Como presidente, FHC cedeu à tentação
autoritária. Editou e reeditou, em seus dois mandatos, 5.491medidas. O PT
participou ativamente das negociações que resultaram na aprovação de emenda
constitucional que limita o uso de MPs.
22 - Acidentes na Petrobras
Por problemas de gestão e falta de investimentos, a Petrobras protagonizou
uma série de acidentes ambientais no governo FHC que viraram notícia no
Brasil e no mundo. A estatal foi responsável pelos maiores desastres
ambientais ocorridos no País nos últimos anos. Provocou, entre outros, um
grande vazamento de óleo na Baía de Guanabara, no Rio, outro no Rio Iguaçu,
no Paraná. Uma das maiores plataformas da empresa, a P-36, afundou na Bacia
de Campos, causando a morte de 11 trabalhadores. A Petrobras também ganhou
manchetes com os acidentes de trabalho em suas plataformas e refinarias que
ceifaram a vida de centenas de empregados.
23 - Apoio a Fujimori
O presidente FHC apoiou o terceiro mandato consecutivo do corrupto ditador
peruano Alberto Fujimori, um sujeito que nunca deu valor à democracia e que
fugiu do País para não viver os restos de seus dias na cadeia. Não bastasse
isso, concedeu a Fujimori a medalha da Ordem do Cruzeiro do Sul, o principal
título honorário brasileiro. O Senado, numa atitude correta, acatou sugestão
apresentada pelo senador Roberto Requião (PMDB-PR) e cassou a homenagem.
24 - Desmatamento na Amazônia
Por meio de decretos e medidas provisórias, o governo FHC desmontou a
legislação ambiental existente no País. As mudanças na legislação ambiental
debilitaram a proteção às florestas e ao cerrado e fizeram crescer o
desmatamento e a exploração descontrolada de madeiras na Amazônia. Houve
aumento dos focos de queimadas. A Lei de Crimes Ambientais foi modificada
para pior.
25 - Os computadores do FUST
A idéia de equipar todas as escolas públicas de ensino médio com 290 mil
computadores se transformou numa grande negociata. Os recursos para a compra
viriam do Fundo de Universalização das Telecomunicações, o Fust. Mas o
governo ignorou a Lei de Licitações, a 8.666. Além disso, fez megacontrato
com a Microsoft, que teria, com o Windows, o monopólio do sistema operacional
das máquinas, quando há softwares que poderiam ser usados gratuitamente. A
Justiça e o Tribunal de Contas da União suspenderam o edital de compra e a
negociata está suspensa.
26 - Arapongagem
O governo FHC montou uma verdadeira rede de espionagem para vasculhar a vida
de seus adversários e monitorar os passos dos movimentos sociais. Essa
máquina de destruir reputações é constituída por ex-agentes do antigo SNI ou
por empresas de fachada. Os arapongas tucanos sabiam da invasão dos sem-terra
à propriedade do presidente em Buritis, em março deste ano, e o governo nada
fez para evitar a operação. Eles foram responsáveis também pela espionagem
contra Roseana Sarney.
27 - O esquema do FAT
A Fundação Teotônio Vilela, presidida pelo ex-presidente do PSDB, senador
alagoano Teotônio Vilela, e que tinha como conselheiro o presidente FHC, foi
acusada de envolvimento em desvios de R$ 4,5 milhões do Fundo de Amparo ao
Trabalhador (FAT). Descobriu-se que boa parte do dinheiro, que deveria ser
usado para treinamento de 54 mil trabalhadores do Distrito Federal, sumiu. As
fraudes no financiamento de programas de formação profissional ocorreram em
17 unidades da federação e estão sob investigação do Tribunal de Contas da
União (TCU) e do Ministério Público.
28 - Mudanças na CLT
A maioria governista na Câmara dos Deputados aprovou, contra o voto da
bancada do PT, projeto que flexibiliza a CLT, ameaçando direitos consagrados
dos trabalhadores, como férias, décimo terceiro e licença maternidade. O
projeto esvazia o poder de negociação dos sindicatos. No Senado, o governo
FHC não teve forças para levar adiante essa medida anti-social.
29 - Obras irregulares
Um levantamento do Tribunal de Contas da União, feito em 2001, indicou a
existência de 121 obras federais com indícios de irregularidades graves. A
maioria dessas obras pertence a órgãos como o extinto DNER, os ministérios da
Integração Nacional e dos Transportes e o Departamento Nacional de Obras
Contra as Secas. Uma dessas obras, a hidrelétrica de Serra da Mesa, interior
de Goiás, deveria ter custado 1,3 bilhão de dólares. Consumiu o dobro.
30 - Explosão da dívida pública
Quando FHC assumiu a Presidência da República, em janeiro de 1995, a dívida
pública interna e externa somava R$ 153,4 bilhões. Entretanto, a política de
juros altos de seu governo, que pratica as maiores taxas do planeta, elevou
essa dívida para R$ 684,6 bilhões em abril de 2002, um aumento de 346%. Hoje,
a dívida já equivale a preocupantes 54,5% do PIB.
31 - Avanço da dengue
A omissão do Ministério da Saúde é apontada como principal causa da epidemia
de dengue no Rio de Janeiro. O ex-ministro José Serra demitiu seis mil mata-
mosquitos contratados para eliminar focos do mosquito Aedes Aegypti. Em 2001,
o Ministério da Saúde gastou R$ 81,3 milhões em propaganda e apenas R$ 3
milhões em campanhas educativas de combate à dengue. Resultado: de janeiro a
maio de 2002, só o estado do Rio registrou 207.521 casos de dengue, levando
63 pessoas à morte.
32 - Verbas do BNDES
Além de vender o patrimônio público a preço de banana, o governo FHC, por
meio do BNDES, destinou cerca de R$ 10 bilhões para socorrer empresas que
assumiram o controle de ex-estatais privatizadas. Quem mais levou dinheiro do
banco público que deveria financiar o desenvolvimento econômico e social do
Brasil foram as teles e as empresas de distribuição, geração e transmissão de
energia. Em uma das diversas operações, o BNDES injetou R$ 686,8 milhões na
Telemar, assumindo 25% do controle acionário da empresa.
33 - Crescimento pífio do PIB
Na "Era FHC", a média anual de crescimento da economia brasileira estacionou
em pífios 2%, incapaz de gerar os empregos que o País necessita e de
impulsionar o setor produtivo. Um dos fatores responsáveis por essa quase
estagnação é o elevado déficit em conta-corrente, de 23 bilhões de dólares no
acumulado dos últimos 12 meses. Ou seja: devido ao baixo nível da poupança
interna, para investir em seu desenvolvimento, o Brasil se tornou
extremamente dependente de recursos externos, pelos quais paga cada vez mais
caro.
34 - Renúncias no Senado
A disputa política entre o Senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) e o
Senador Jader Barbalho (PMDB-PA), em torno da presidência do Senado expôs
publicamente as divergências da base de sustentação do governo. ACM renunciou
ao mandato, sob a acusação de violar o painel eletrônico do Senado na votação
que cassou o mandato do senador Luiz Estevão (PMDB-DF). Levou consigo seu
cúmplice, o líder do governo, senador José Roberto Arruda (PSDB-DF). Jader
Barbalho se elegeu presidente do Senado, com apoio ostensivo de José Serra e
do PSDB, mas também acabou por renunciar ao mandato, para evitar a cassação.
Pesavam contra ele denúncias de desvio de verbas da Sudam.
35 - Racionamento de energia
A imprevidência do governo FHC e das empresas do setor elétrico gerou o
apagão. O povo se mobilizou para abreviar o racionamento de energia. Mesmo
assim foi punido. Para compensar supostos prejuízos das empresas, o governo
baixou Medida Provisória transferindo a conta do racionamento aos
consumidores, que são obrigados a pagar duas novas tarifas em sua conta de
luz. O pacote de ajuda às empresas soma R$ 22,5 bilhões.
36 - Assalto ao bolso do consumidor
FHC quer que o seu governo seja lembrado como aquele que deu proteção social
ao povo brasileiro. Mas seu governo permitiu a elevação das tarifas públicas
bem acima da inflação. Desde o início do plano real até agora, o preço das
tarifas telefônicas foi reajustado acima de 580%. Os planos de saúde subiram
460%, o gás de cozinha 390%, os combustíveis 165%, a conta de luz 170% e a
tarifa de água 135%. Neste período, a inflação acumulada ficou em 80%.
37 - Explosão da violência
O Brasil é um país cada vez mais violento. E as vítimas, na maioria dos
casos, são os jovens. Na última década, o número de assassinatos de jovens de
15 a 24 anos subiu 48%. A Unesco coloca o País em terceiro lugar no ranking
dos mais violentos, entre 60 nações pesquisadas. A taxa de homicídios por 100
mil habitantes, na população geral, cresceu 29%. Cerca de 45 mil pessoas são
assassinadas anualmente. FHC pouco ou nada fez para dar mais segurança aos
brasileiros.
38 - A falácia da Reforma agrária
O governo FHC apresentou ao Brasil e ao mundo números mentirosos sobre a
reforma agrária. Na propaganda oficial, espalhou ter assentado 600 mil
famílias durante oito anos de reinado. Os números estavam inflados. O governo
considerou assentadas famílias que haviam apenas sido inscritas no programa.
Alguns assentamentos só existiam no papel. Em vez de reparar a fraude, baixou
decreto para oficializar o engodo.
39 - Subserviência internacional
A timidez marcou a política de comércio exterior do governo FHC. Num gesto
unilateral, os Estados Unidos sobretaxaram o aço brasileiro. O governo do
PSDB foi acanhado nos protestos e hesitou em recorrer à OMC. Por iniciativa
do PT, a Câmara aprovou moção de repúdio às barreiras protecionistas. A
subserviência é tanta que em visita aos EUA, no início deste ano, o ministro
Celso Lafer foi obrigado a tirar os sapatos três vezes e se submeter a
revistas feitas por seguranças de aeroportos.
40 - Renda em queda e desemprego em alta
Para o emprego e a renda do trabalhador, a Era FHC pode ser considerada
perdida. O governo tucano fez o desemprego bater recordes no País. Na região
metropolitana de São Paulo, o índice de desemprego chegou a 20,4% em abril, o
que significa que 1,9 milhão de pessoas estão sem trabalhar. O governo FHC
promoveu a precarização das condições de trabalho. O rendimento médio dos
trabalhadores encolheu nos últimos três anos.
41 - Relações perigosas
Diga-me com quem andas e te direi quem és. Esse ditado revela um pouco as
relações suspeitas do presidenciável tucano José Serra com três figuras que
estiveram na berlinda nos últimos dias. O economista Ricardo Sérgio de
Oliveira, ex-caixa de campanha de Serra e de FHC, é acusado de exercer
tráfico de influência quando era diretor do Banco do Brasil e de ter cobrado
propina no processo de privatização. Ricardo Sérgio teria ajudado o
empresário espanhol Gregório Marin Preciado a obter perdão de uma dívida de
R$ 73 milhões junto ao Banco do Brasil. Preciado, casado com uma prima de
Serra, foi doador de recursos para a campanha do senador paulista. Outra
ligação perigosa é com Vladimir Antonio Rioli, ex-vice-presidente de
operações do Banespa e ex-sócio de Serra em empresa de consultoria. Ele teria
facilitado uma operação irregular realizada por Ricardo Sérgio para repatriar
US$ 3 milhões depositados em bancos nas Ilhas Cayman - paraíso fiscal do
Caribe.
42 - Violação aos direitos humanos
Massacres como o de Eldorado do Carajás, no sul do Pará, onde 19 sem-terra
foram assassinados pela polícia militar do governo do PSDB em 1996, figuram
nos relatórios da Anistia Internacional, que recentemente denunciou o governo
FHC de violação aos direitos humanos. A Anistia critica a impunidade e
denuncia que polícias e esquadrões da morte vinculados a forças de segurança
cometeram numerosos homicídios de civis, inclusive crianças, durante o ano de
2001. A entidade afirma ainda que as práticas generalizadas e sistemáticas de
tortura e maus-tratos prevalecem nas prisões.
43 - Correção da tabela do IR
Com fome de leão, o governo congelou por seis anos a tabela do Imposto de
Renda. O congelamento aumentou a base de arrecadação do imposto, pois com a
inflação acumulada, mesmo os que estavam isentos e não tiveram ganhos
salariais, passaram a ser taxados. FHC só corrigiu a tabela em 17,5% depois
de muita pressão da opinião pública e após aprovação de projeto pelo
Congresso Nacional. Mesmo assim, após vetar o projeto e editar uma Medida
Provisória que incorporava parte do que fora aprovado pelo Congresso,
aproveitou a oportunidade e aumentou alíquotas de outros tributos.
44 - Intervenção na Previ
FHC aproveitou o dia de estréia do Brasil na Copa do Mundo de 2002 para
decretar intervenção na Previ, o fundo de pensão dos funcionários do Banco do
Brasil, com patrimônio de R$ 38 bilhões e participação em dezenas de
empresas. Com este gesto, afastou seis diretores, inclusive os três eleitos
democraticamente pelos funcionários do BB. O ato truculento ocorreu a pedido
do banqueiro Daniel Dantas, dono do Opportunitty. Dias antes da intervenção,
FHC recebeu Dantas no Palácio Alvorada. O banqueiro, que ameaçou divulgar
dossiês comprometedores sobre o processo de privatização, trava queda-de-
braço com a Previ para continuar dando as cartas na Brasil Telecom e outras
empresas nas quais são sócios.
45 - Barbeiragens do Banco Central
O Banco Central - e não o crescimento de Lula nas pesquisas - tem sido o
principal causador de turbulências no mercado financeiro. Ao antecipar de
setembro para junho o ajuste nas regras dos fundos de investimento, que
perderam R$ 2 bilhões, o BC deixou o mercado em polvorosa. Outro fator de
instabilidade foi a decisão de rolar parte da dívida pública estimulando a
venda de títulos LFTs de curto prazo e a compra desses mesmos papéis de longo
prazo. Isto fez subir de R$ 17,2 bilhões para R$ 30,4 bilhões a concentração
de vencimentos da dívida nos primeiros meses de 2003. O dólar e o risco
Brasil dispararam. Combinado com os especuladores e o comando da campanha de
José Serra, Armínio Fraga não vacilou em jogar a culpa no PT e nas eleições.
https://www.alainet.org/es/node/105999?language=es