Psico-socioterapia
22/09/2001
- Opinión
- Qual é o seu problema? indaga o doutor.
- Medo.
- Medo de quê?
- De mendigo, criança de rua, ladrão, assalto, violência.
- Como procura enfrentá-lo?
- Busco proteger melhor a minha casa e, portanto, a minha família.
- O que faz?
- Instalo controle eletrônico de portas, grades nas janelas, tela
eletrificada sobre os muros e outros equipamentos. Faço poupança para
mandar blindar o carro.
- Mas Silvio Santos tinha tudo isso e deu no que deu.
- Há também seguranças experientes, formados em lutas marciais e tiro
ao alvo.
- Silvio Santos também tinha.
- Estou de mudança para um condomínio fechado, fora da cidade.
- Uma ilha de paz servida por empregados nem sempre bem-pagos?
- Sim, totalmente monitorada por circuito interno de TV, guaritas,
rondas e cães amestrados. E eu pago bem os meus empregados.
- Todos pagam?
- Não sei. Acho que meu vizinho nem assina carteira.
- De que adianta uns agirem com justiça se outros sonegam direitos
trabalhistas elementares?
- O senhor está sugerindo que o descontentamento de alguns empregados
pode resultar em violência no condomínio?
- Não estou sugerindo nada, até porque, no edifício de luxo em que
moro, a violência tem sido obra de adolescentes, filhos de famílias
abastadas, em busca do que vender para pagar drogas. Acho que o
senhor ainda não entendeu.
- O quê?
- O seu medo.
- O que tem ele?
- Ele não vem de fora, vem de dentro do senhor.
- Pode me explicar melhor?
- O senhor tem medo de sair à noite, andar sozinho, falar com
estranhos? Medo do futuro, de perder seus bens, ver a família na
penúria ou ficar desempregado?
- Sinto muito medo de tudo isso.
- E do Malan, o senhor não tem medo?
- Como assim?
- Medo desta política econômica, dos juros altos, do crescimento
econômico da dívida pública, da cascata tributária.
- Nunca havia pensado nisso.
- O senhor tem medo de resvalar para a infelicidade de quem faz da
vida uma renhida luta pelo pão de cada dia?
- Sim, tenho muito medo, e por isso me encho de remédios.
- Deixe de tomar remédios. A cura não está no senhor. Está na
sociedade em que vivemos.
- E qual a terapia?
- Ir às causas dos males sociais, participar de iniciativas para
melhorar e mudar a sociedade, assumir a sua responsabilidade social.
- Então eu tenho cura?
- Sim, desde que se una àqueles que procuram curar a sociedade.
https://www.alainet.org/es/node/105316
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