Reeleger Lula. Mas é preciso organizar o povo
25/10/2006
- Opinión
Estamos chegando ao final de mais uma etapa do calendário eleitoral. Pelo que tudo indica, Lula deverá ser reeleito, com ampla margem de votos e com suficiente apoio popular, apesar do susto que a direita nos deu, no primeiro turno.
Em alguns Estados, a direita conseguiu se articular e centralizar de tal maneira suas ações políticas, que provavelmente irá manter o controle de diversos governos estaduais, alguns já eleitos no primeiro turno. Por outro lado, continuou vergonhosa e despudoradamente a prática da maior parte dos veículos de comunicação social, em especial, jornais, revistas e rádios, atuando de forma acintosa a favor da candidatura Alckmin. Pelo menos nos ajudaram a entender, e provar, o que muitos ainda se iludiam: não há imprensa da classe dominante neutra ou democrática. Ela sempre vai defender os interesses da classe dos seus proprietários nas batalhas derradeiras, contra os interesses populares.
Felizmente, entre o primeiro e o segundo turno das eleições, as parcelas mais conscientes da nossa sociedade, das mais diferentes formas de organização social, sejam pastorais, membros de diferentes denominações religiosas, movimentos populares locais e praticamente todos os movimentos sociais do país juntaram forças para derrotar a direita. Essa energia positiva foi percebida nas conversas entre as pessoas, nas discussões políticas e nas redes criadas pela internet. Refletiu-se no tom dos debates entre os candidatos. Na postura dos dirigentes partidários, que antes queriam manter a campanha em tom cordato, mas a direita não perdoou.
Assim, o próprio presidente Lula reconheceu que a forma como se chegou ao segundo turno e as reações que provocou na campanha eleitoral, acabaram sendo positivas para o processo de conscientização política das classes populares. Embora esteve muito aquém de ser, de fato, uma campanha de amplas mobilizações de massa e de entusiasmo popular. Mas ficou claro a diferenciação simbólica entre os dois candidatos. Alckmin representa as classes dominantes, o aprofundamento do modelo neoliberal, a subordinação de nossa política externa aos interesses do império do Norte. Representa o uso do Estado repressor contra as classes subalternas. Enquanto Lula, apesar de não ter feito mudanças estruturais no seu governo, representa simbolicamente os interesses das classes populares e a possibilidade de se manter espaços para que o povo acorde e participe. Maior autonomia na política externa e a possibilidade de se construir processos de integração latino-americana. Sua candidatura representa o respeito aos movimentos sociais.
Evidentemente que essa necessária vitória de Lula não significa esquecer os erros e vacilações do governo no primeiro mandato. E não significa que agora tudo vai mudar. A simples vitória eleitoral não é inclusive suficiente para alterar a correlação de forças necessárias para as mudanças. Mas uma derrota significaria um duro revés para toda classe trabalhadora. E manteria o descenso do movimento de massas por um período ainda maior.
Encerrada as eleições, todas as forças populares e políticas devem fazer um profundo balanço de todo esse processo, extraindo dele as lições necessárias para melhorar nossa prática política.
E, acima de tudo, é necessário recuperar a experiência histórica da classe trabalhadora, seus partidos e suas lideranças, em todo mundo, se quisermos, de fato, avançar para mudanças estruturais que eliminem os problemas do povo brasileiro.
Todos os mestres e líderes políticos históricos defenderam que a atividade política principal de quem quiser lutar contra as injustiças sociais e construir regimes mais justos é trabalhar permanentemente para elevar o nível de consciência política e cultural do povo e organizá-lo para que lute por mudanças.
Sem povo consciente e organizado, lutando, não haverá nenhuma mudança social, em qualquer sociedade do mundo. Modestamente, o Brasil de Fato, pretende continuar contribuindo para isso.
Em alguns Estados, a direita conseguiu se articular e centralizar de tal maneira suas ações políticas, que provavelmente irá manter o controle de diversos governos estaduais, alguns já eleitos no primeiro turno. Por outro lado, continuou vergonhosa e despudoradamente a prática da maior parte dos veículos de comunicação social, em especial, jornais, revistas e rádios, atuando de forma acintosa a favor da candidatura Alckmin. Pelo menos nos ajudaram a entender, e provar, o que muitos ainda se iludiam: não há imprensa da classe dominante neutra ou democrática. Ela sempre vai defender os interesses da classe dos seus proprietários nas batalhas derradeiras, contra os interesses populares.
Felizmente, entre o primeiro e o segundo turno das eleições, as parcelas mais conscientes da nossa sociedade, das mais diferentes formas de organização social, sejam pastorais, membros de diferentes denominações religiosas, movimentos populares locais e praticamente todos os movimentos sociais do país juntaram forças para derrotar a direita. Essa energia positiva foi percebida nas conversas entre as pessoas, nas discussões políticas e nas redes criadas pela internet. Refletiu-se no tom dos debates entre os candidatos. Na postura dos dirigentes partidários, que antes queriam manter a campanha em tom cordato, mas a direita não perdoou.
Assim, o próprio presidente Lula reconheceu que a forma como se chegou ao segundo turno e as reações que provocou na campanha eleitoral, acabaram sendo positivas para o processo de conscientização política das classes populares. Embora esteve muito aquém de ser, de fato, uma campanha de amplas mobilizações de massa e de entusiasmo popular. Mas ficou claro a diferenciação simbólica entre os dois candidatos. Alckmin representa as classes dominantes, o aprofundamento do modelo neoliberal, a subordinação de nossa política externa aos interesses do império do Norte. Representa o uso do Estado repressor contra as classes subalternas. Enquanto Lula, apesar de não ter feito mudanças estruturais no seu governo, representa simbolicamente os interesses das classes populares e a possibilidade de se manter espaços para que o povo acorde e participe. Maior autonomia na política externa e a possibilidade de se construir processos de integração latino-americana. Sua candidatura representa o respeito aos movimentos sociais.
Evidentemente que essa necessária vitória de Lula não significa esquecer os erros e vacilações do governo no primeiro mandato. E não significa que agora tudo vai mudar. A simples vitória eleitoral não é inclusive suficiente para alterar a correlação de forças necessárias para as mudanças. Mas uma derrota significaria um duro revés para toda classe trabalhadora. E manteria o descenso do movimento de massas por um período ainda maior.
Encerrada as eleições, todas as forças populares e políticas devem fazer um profundo balanço de todo esse processo, extraindo dele as lições necessárias para melhorar nossa prática política.
E, acima de tudo, é necessário recuperar a experiência histórica da classe trabalhadora, seus partidos e suas lideranças, em todo mundo, se quisermos, de fato, avançar para mudanças estruturais que eliminem os problemas do povo brasileiro.
Todos os mestres e líderes políticos históricos defenderam que a atividade política principal de quem quiser lutar contra as injustiças sociais e construir regimes mais justos é trabalhar permanentemente para elevar o nível de consciência política e cultural do povo e organizá-lo para que lute por mudanças.
Sem povo consciente e organizado, lutando, não haverá nenhuma mudança social, em qualquer sociedade do mundo. Modestamente, o Brasil de Fato, pretende continuar contribuindo para isso.
Editorial Brasil de Fato -Edição 191 - De 26 de outubro a 1º de novembro de 2006 www.brasildefato.com.br
https://www.alainet.org/en/node/117824?language=es
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