O governo dos EUA quer ser o xerife do planeta

29/01/2004
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O modelo neoliberal transformou a sociedade estadunidense em um sistema perverso e antidemocrático. Esta foi a avaliação do professor argentino de ciências sociais Atilio Borón, no dia 28, durante a conferência "Alca: livre comércio e desenvolvimento", atividade do III Encontro Hemisférico de Luta contra Alca, que ocorre até o dia 29, em Havana, Cuba. Para ele, o governo dos Estados Unidos quer ser o xerife do mundo e transpor, por meio de acordos de livre comércio e intervenções militares, o modelo de sua sociedade em todos os países do planeta. Borón explicou que o povo dos Estados Unidos foi despossado de seus direitos de cidadão. Isto porque o sistema de eleições deste país é controlado por corporações, que financiam parlamentares e regulam as políticas públicas. Para o professor argentino, a situação é agravada pela desinformação e desinteresse do povo dos Estados Unidos em relação à democracia. "A maioria dos estadunidenses perdeu a noção do que é a coisa pública, a vida em comunidade, a vida em família", comentou. Segundo Borón, os valores que dominam os Estados Unidos são impostos pela política neoliberal de seu governo. "Neste país, só vale a lei das corporações e quem não a seguir vai preso", explicou. Os Estados Unidos são o país com a maior população carcerária do mundo. Por exemplo, em Califórnia, um de seus estados, há 150 mil detentos - mais do que a quantidade que há no Reino Unido e na Alemanha somada. O modelo neoliberal da sociedade dos Estados Unidos, Borón disse, engendrou a perda de laços familiares e comunitários do país. "Tudo se transformou em mercadoria, da relação entre pais e filhos à de vizinhos e amigos", comentou. Borón salientou que, apesar de seu poder militar, o governo estadunidense nunca esteve tão vulnerável quanto agora. Segundo o professor argentino, a invasão do Iraque é um fracasso da política dos Estados Unidos, porque o povo iraquiano resiste à opressão e não legitima a administração de Bush. "O império estadunidense é poderoso, mas a história nos ensina que nenhum império é indestrutível", afirmou. * João Alexandre Peschanski. Mutirão Informativo de Movimentos Sociais
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