Político muito louco

28/08/2002
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Loucura, quando dá em político, vira caso de saúde pública. É o caso de Turkmenbashi, presidente do Turcomenistão, pequeno país da Ásia, vizinho do Afeganistão. Esfarinhada a União Soviética, em 1991, Turkmenbashi, que era o principal dirigente do Partido Comunista do Turcomenistão, apegou-se ao poder e passou a cantar "daqui não saio, daqui ninguém me tira". Desde então, ele é sucessivamente reeleito, nunca com menos de 99% dos votos! Seu retrato aparece em embalagens de chá e de vodca, no dinheiro e como ícone da TV estatal. Agora ele decretou que o mês de janeiro passa a ter o seu nome; abril, o de sua mãe; e setembro, o seu livro preferido. Decidiu ainda que são adolescentes todos os menores de 25 anos, e proibiu, em nome dos bons costumes, o balé, a ópera e o circo. Apesar de tudo, os EUA não incluiu o Turcomenistão no "eixo do mal", como Bush denomina os países que não se dobram aos caprichos da Casa Branca. O ditador maluco fez do país base para as tropas que atacaram o Afeganistão. A demência, na política, é perigosa. E nós brasileiros sabemos disso por experiência. Em 1961, apeou-se do poder um presidente da República que tinha mania de faxineira, e proibiu o uso do biquíni e a briga de galos. Anos mais tarde, foi a vez de derrubarmos outro que confiscou a poupança da população e mandou a Polícia Federal invadir a redação de um jornal que o criticou. Às vésperas de nova eleição presidencial, devemos votar bem, sem risco de colocar no poder um candidato que age mais pela emoção que pela razão e pensa que a dívida pública pode ser resolvida por métodos fisioterápicos, como o "alongamento". O Brasil não merece outra aventura presidencial, como a de Jânio Quadros e Fernando Collor de Mello. Frei Betto é autor de "Alucinado Som de Tuba"
https://www.alainet.org/en/node/106311?language=es
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