Processo contra Bini é “político, não criminal”, diz organização de direitos humanos
- Opinión
Especialistas da organização internacional de direitos humanos e digitais Electronic Frontier Foundation (EFF) emitiram nesta terça-feira (6) uma nota condenando o processo em curso no Equador contra o ativista de software livre Ola Bini. Segundo a instituição, o caso não é criminal, mas político.
“No Equador, a equipe da EFF conversou com jornalistas, políticos, advogados, acadêmicos, além de Bini e de sua equipe de defesa. Esses especialistas concluíram que a continuação da acusação de Bini é um caso político, não criminal”, afirma a nota.
A organização ficou cerca de uma semana no Equador para investigar as circunstâncias da prisão do ativista, e a situação atual do processo. Bini foi detido em 11 de abril sem acusações formais em um primeiro momento. A Justiça do Equador tenta, até o momento sem provas, vinculá-lo a Julian Assange, fundador do WikiLeaks.
Danny O’Brien, diretor da EFF, afirmou que “a inocência ou culpa de Ola Bini deve ser determinada por um julgamento justo que siga o devido processo. Não deve, de forma alguma, ser impactada por possíveis ramificações políticas".
Desde a detenção, uma série de irregularidades foram registradas. Embora seja sueco, o ativista foi apontado como um hacker de origem russa. Horas antes da prisão, a ministra do Interior do Equador, Maria Romo, afirmou que havia localizado um membro do WikiLeaks atuando no país, em referência a Bini, que não possui ligação com o grupo.
Além disso, os direitos do sueco não foram lidos, nem a acusação apresentada. Embora o país tivesse a obrigação de oferecer um tradutor a Bini, que não fala espanhol, a medida também não foi tomada. Por fim, Bini não pôde falar com seus advogados durante horas e permaneceu detido mesmo sem nenhuma acusação. Em um primeiro momento a Justiça afirmou somente que o ativista possui ligações com Assange, o que não configura crime.
A prisão do ativista sueco, que durou quase 70 dias, foi amplamente condenada por organizações de direitos humanos, entre elas a Organização das Nações Unidas, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos e o Observatório de Direitos Humanos e Justiça.
Um habeas corpus expedido em 20 de junho permitiu deu a Bini o direito de responder em liberdade ao processo. A Justiça do Equador tenta agora vincular o sueco a uma segunda pessoa, que ainda não teve seu nome inteiro revelado. A defesa afirma que a alegação de que Bini teria ligação com o suposto criminoso consiste em uma tentativa de ganhar tempo para forjar provas contra o ativista.
Perseguição
Bini foi detido no dia 11 de abril no Aeroporto Mariscal Sucre, enquanto aguardava para embarcar em um voo com destino ao Japão. A prisão ocorreu poucas horas depois que o governo do país anunciou a suspensão do asilo diplomático ao fundador do WikiLeaks, Julian Assange, que vivia na embaixada equatoriana em Londres desde 2012.
Um dos programadores mais reconhecidos do mundo, o sueco Ola Bini é famoso por seu trabalho como desenvolvedor de softwares livres.
A tese de que ele teria supostamente hackeado membros do governo do Equador em colaboração com o WikiLeaks é vista com desconfiança no mundo da tecnologia, uma vez que Bini é um notório ativista pelo direito à privacidade.
Edição: Pedro Ribeiro Nogueira
Del mismo autor
- Barbados rompe laço colonial britânico e se declara república 01/12/2021
- ‘Brazilians are hungry because they have no income, not because of a lack of production’ 16/09/2021
- The burning of a statue brought to light the permanence of Brazil’s history of colonization 30/07/2021
- Em sessão histórica, Convenção Constitucional do Chile elege Elisa Loncón presidenta 04/07/2021
- Mobilizations against Bolsonaro gain strength and mobilize around 750 thousand people 22/06/2021
- Pandemic in Brazil: app delivery laborers report worsening working conditions 15/04/2021
- O que defendem Pedro Castillo e seu partido 14/04/2021
- Amazônia concentra 7 dos 10 municípios que mais emitem carbono no Brasil 04/03/2021
- El Salvador vai às urnas em meio a escalada autoritária 26/02/2021
- MST defende a vida dos brasileiros e pede saída imediata de Bolsonaro 01/02/2021