Obama dará continuidade à sua estratégia belicista

07/11/2012
  • Español
  • English
  • Français
  • Deutsch
  • Português
  • Opinión
-A +A
A utilização dos aviões sem piloto, os drones, substituiu progressivamente os bombardeamentos da força aérea tradicional
 
A reeleição de Barack Obama foi recebida com simpatia pelos seus aliados europeus. Sobre ele chovem elogios.
 
Mas a sua campanha eleitoral não transcorreu na atmosfera triunfalista da anterior. O presidente não cumpriu as promessas sintetizadas no slogan «sim, nós podemos!», que em 2008 entusiasmou milhões de compatriotas que acreditaram numa «mudança».
 
O País continua mergulhado numa crise profunda. A dívida pública interna aumentou para um nível astronômico.A divida externa é a maior do mundo. O defícit da balança comercial é colossal. Os EUA são hoje um estado parasita que consome muito mais do que produz e mantém a hegemonia mundial em consequência do seu enorme poderio militar. A política financeira de Obama, concebida para favorecer as grandes transnacionais e a banca, contribuiu para agravar o desemprego e manteve na miséria dezenas de milhões de famílias.
 
Romney com o seu programa assustou os negros, os latinos e um amplo setor da pequena burguesia branca. No início o seu discurso era tão reacionário que o modificou, deslocando-se da direita cavernícola para o centro.
 
Nos debates televisivos que encerraram o grande circo milionário da campanha eleitoral ele e Obama coincidiram praticamente nas questões fundamentais.
 
A mídia apresentou a política internacional do presidente como o grande êxito do seu mandato; Romney não a criticou. Essa coincidência dos candidatos é por si só reveladora do nível de alienação do eleitorado da grande república.
 
É difícil encontrar precedente na história dos EUA para uma politica exterior que tenha configurado para a humanidade uma ameaça comparável à desenvolvida por Barack Obama.
 
No Iraque, vandalizado pela ocupação militar, permanecem milhares de oficiais e dezenas de milhares de mercenários e a violência é um flagelo endémico. No Afeganistão, a guerra está perdida. A maior parte do pais encontra-se sob controle das forças que combatem a ocupação dos EUA e da Otan, e o governo fantoche de Karzai é odiado pelo povo.
 
A utilização dos aviões sem piloto, os drones, substituiu progressivamente os bombardeamentos da força aérea tradicional. O presidente Obama elogiou repetidamente durante a campanha o recurso a essa nova modalidade criminosa de guerra. É ele pessoalmente quem selecciona os «inimigos» a abater em listas elaboradas pela CIA, submetidas à sua aprovação. Mas nesses bombardeamentos «cirúrgicos» a aldeias do Paquistão milhares de camponeses, como reconhece o próprio New York Times, têm sido mortos.
 
Durante a campanha, Obama evitou o envolvimento dos EUA em novas guerras de agressão. Mas, reeleito, a sua estratégia belicista de dominação mundial vai ser retomada. O ataque à Síria será o próximo objetivo. A decisão será americana, muito embora Washington incumba dessa tarefa a Turquia e provavelmente a França e a Grã-Bretanha.
 
Resolvida «a questão síria», os EUA, em parceria com Israel, intensificarão a campanha mundial que visa a destruição do seu grande «inimigo» na região, o único grande Estado islâmico que não se submete à sua estratégia imperial: o Irã.
 
A atual política para a América Latina, que através de golpes de Estado atípicos - Honduras e Paraguai - afastou presidentes incômodos, terá continuidade. Washington sofreu uma derrota importante com a reeleição de Hugo Chávez, mas a guerra não-declarada contra a Revolução Venezuelana vai prosseguir.
 
A prioridade na estratégia belicista da nova Administração será contudo a China. Obama foi transparente quando anunciou que dois terços do poder aeronaval dos EUA vão ser concentrados na Ásia Oriental. É por ora imprevisível o estilo que assumirá a política anti-chinesa (e anti-russa) de Barack Obama. Mas pode-se antecipar que o seu segundo mandato será para a humanidade tão negativo ou mais do que o primeiro.
 
Cabe perguntar: como foi possível atribuir a tal homem o Prêmio Nobel da Paz?
 
Fez uma chuva de novas promessas, mas elas serão engavetadas tal como as do primeiro mandato.
 
 Vila Nova de Gaia,7 de Novembro de 2012
 
- Miguel Urbano Rodriguesé jornalista e escritor português
 
 
https://www.alainet.org/de/node/162428?language=es
America Latina en Movimiento - RSS abonnieren