A estratégia chinesa
29/08/2011
- Opinión
Em artigo anterior sobre o tema China (O perigo amarelo), temos demonstrado que a longo prazo estaremos sob o domínio deles, ao menos no terreno econômico.
Um trabalhador chinês quando é convidado, através de entidades nacionais que catam no interior do país, operários para as indústrias das grandes cidades, as famílias se despedem como se fosse prestar um grande serviço a pátria. Ele parte, com as bênçãos da família, pois para ela está garantida uma renda, que para aquelas plagas a vida também não é tão fácil assim. E quando retornam, durante uma minguada férias de duas semanas, retornam como heróis que vieram de um campo de batalha.
Esta é a força moral de uma grande nação. É verdade que lá a lei é duríssima para quem dela se desvia. “Dura Lex, Sed Lex” (A lei é dura, mas é a lei). .A condenação a morte não está muito distante de certos delitos, que aqui no Brasil até fazem chacota. Se para os sociólogos o poder político da China tem características totalitaristas, por sua vez é de se convir que manter em ordem social coesa e pacífica 1 Bilhão e Trezentos milhões de gafanhotos humanos é uma tarefa hercúlea e descomunal. Talvez o modelo socialista (alguns dizem comunista) que estão praticando, tenha sido a única forma para garantir a integridade do Estado-nação. Trazer um país em estágio bárbaro (tecnologicamente - não em termos culturais), com os pés mergulhados no Terceiro Mundo, para o século XXI em menos de um século, somente por uma filosofia chinesa de solidariedade e ética consagrada a milênios, seria possível.
Muitas empresas nacionais do ocidente na impossibilidade de competir acharam que a melhor estratégia para vencê-los era se instalar, diretamente no terreiro do inimigo. Ledo engano. Foram para lá gerar emprego para eles, ao preço de nossa desindustrialização. Para os empresários empreendedores foi uma excelente saída, mas, para o país foi uma tragédia econômica. Assim por falta de espírito de união, onde a solidariedade somente aparece em casos de tragédia natural de escala, o espírito inescrupuloso da competitividade como a única forma econômica de sobrevivência, está levando ao colapso do mundo ocidental. Não há espírito de valor patriótico, - com o jargão de que capital não tem bandeira, - empresas ocidentais ganham rios de dinheiro, comprando dos chineses por centavos e vendendo para nós a “preços de mercado” que pode chegar a centenas de dólares. Apenas interessa o lucro imediato e a qualquer preço. Usando a expressão de Luciano Pires profissional de comunicação, é o que se pode chamar de “estratégia preçonhenta”. O desemprego na visão do empresário irresponsável: “não é um problema nosso é uma estatística que os governos terão que resolver”. Vale lembrar uma frase do saudoso Papa João Paulo II, “...o desemprego, para os governos é uma mera estatística, mas para a sociedade e, quem está nessa estatística é uma tragédia”.
Enquanto empresários ocidentais buscavam na terceirização um modelo de redução de custos para melhor competirem entre si, ganhando no curto prazo, a China procurou assimilar essas táticas, criando grandes plantas industriais de alta performance, para no longo prazo gerar o domínio do mercado mundial. Infelizmente este longo prazo está chegando mais rápido do que se pensava. A criação artificial de estereótipos em marcas, símbolos, grife etc., instigando os jovens ao consumo de massa, passando aos chineses a produção física de bens necessários ao nosso conforto, está levando ao desmantelamento de todo o parque industrial ocidental. Já não haverá fabricas de tecidos, calçados, tênis etc. (grandes absorvedores de mão de obras) pelo mundo ocidental. Só haverá na China.
Assim, num futuro não muito distante, quando o domínio se concretizar, poderemos ter uma situação como o foi o choque do petróleo. Os preços serão administrados diretamente por eles, onde teremos então o “choque das manufaturas”. Aí será tarde demais. Neste momento se aperceberá que se alimentou um enorme dragão (chinês) e acabamos sendo refém dele mesmo.
- Sergio Sebold – Economista e Professor de Pós-Graduação da UNIASSELVI - Blumenau - SC
https://www.alainet.org/de/node/152175?language=es
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