Um Davos... Muitos “Anti-Davos”

12/02/2010
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Fortemente reprimidas em edições anteriores, as vozes de protesto contra o Fórum manifestam-se em um programa tão amplo quanto descentralizado
Fortemente reprimidas em edições anteriores, as vozes de protesto contra o Fórum Econômico Mundial de Davos manifestam-se nessa ocasião em um programa tão amplo quanto descentralizado em diversas regiões do país.
 
A mobilização anti-Davos começou no dia 23 de janeiro com um protesto pacífico na cidade de Luzerna, na Suíça central. Os manifestantes desfilaram durante duas horas sob a consigna: "Suprimir o Fórum Econômico, por uma sociedade solidária".
 
Nesse mesmo dia, em Berna, capital do país, centenas de pessoas participaram no já famoso "Tour de la Lorraine" – nome de um bairro popular –, com várias atividades culturais e palestras. O cenário "alternativo" da capital através dessa atividade expressou seu rechaço ao "Fórum de Davos e à guerra", tal como sua consigna de origem propalada há dez edições.
 
Olhar público
 
Quase paralelamente à inauguração do Fórum Econômico, no dia 27, fora de seu recinto, porém na mesma cidade, duas organizações suíças realizarão uma atividade de protesto sob o signo "Olho público sobre Davos".
 
A Declaração de Berna e Greenpeace Suíça, em uma solene "cerimônia" alternativa outorgam o "Public Eye Award", prêmio anual às empresas públicas ou privadas do mundo inteiro que tenham tido o comportamento mais irresponsável.
 
Entre as candidatas de 2010 encontram-se o Banco Royal do Canadá;Arcelor Mittal, a empresa metalúrgica mais importante do mundo; a agência de publicidade e relações públicas Farner, de Zurique – que atacou com métodos quase de "guerra fria" a recente iniciativa popular que, na Suíça, tentava opor-se à exportação de armas –; e o Comitê Olímpico Internacional, com sede em Lousane, organizado como um verdadeiro ‘holding’ empresarial, com meios financeiros de grande envergadura.
 
Dez dias antes do início do Fórum, ambas organizações haviam realizado um protesto noturno com refletores que iluminavam a fachada da sede central da transnacional suíça Nestlé, em Rive-Reine (Suíça francesa), projetando em letras gigantes a frase "O olho público está vendo vocês".
 
O "outro Davos"
 
No entanto, será no último fim de semana de janeiro o momento em que a atividade anti-Davos na Suíça concentrará a maior energia, mobilizando o número mais significativo de atores cidadãos.
 
Duas mobilizações de rua estão previstas para o dia 30. Uma na Basileia, no norte do país, e outra, convocada pelas juventudes dos Partidos Socialista e Verde, em Davos.
 
Nos dias 29 e 30, por outro lado, o "Outro Davos" convida para a sua décima edição, nessa oportunidade a realizar-se nas instalações da Universidade de Basileia. Como em sua primeira edição, em 2001, o "Outro Davos" – ideia original de Attac/Suíça e ampliado para outros anfitriões – será iniciado com uma teleconferência do intelectual estadunidense Noam Chomsky.
 
No debate público participarão o escritor britânico Tariq Ali; Silvia Lazarte, ex-presidente da Assembleia Constituinte da Bolívia; a socióloga alemã Christa Wichterich; o sindicalista brasileiro Dirceu Traveso e vários representantes de associações sociais, sindicais e altermundialistas suíças.
 
A solidariedade internacional ativa; o tema candente das migrações no mundo (e, particularmente, na Europa), bem como as reivindicações e a luta sindical estarão no centro do debate da 10ª edição do "Outro Davos".
 
Dessa forma se encerrará uma semana de variadas manifestações – políticas, culturais, sociais – em um país onde, se Davos tem sua história, o protesto anti-Davos também já forjou a sua. (Publicado originalmente na Adital)
 
- Sergio Ferrari é colaborador da Adital na Suíça. Colaboração E-CHANGER, ONG membro da Plataforma Comunica-CH.
https://www.alainet.org/de/node/139416
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