O mandato do segundo turno é para avançar a luta do povo
26/10/2006
- Opinión
A reeleição de Lula abre uma nova página na trajetória de luta do povo brasileiro por sua emancipação nacional e social, caminho longo que comportará várias batalhas. Por isso não fazem sentido as propostas formuladas por setores da coalizão vitoriosa, de promover “um entendimento nacional”, uma “união nacional” com os derrotados ou um “pacto social”. São propostas que semeiam ilusões, desarmam politicamente e deseducam o povo.
No próximo domingo, mais uma vez o povo brasileiro irá às urnas. Confirmará a reeleição de Lula da Silva para mais um mandato de quatro anos. A julgar pelas sondagens poderá ser uma vitória acachapante do atual presidente. A tal ponto que aquelas forças que temiam o segundo turno comemoram que se tenha dado ao eleitorado uma nova oportunidade para melhor reflexão sobre os projetos em contenda.
Inversamente, a neodireita tucana, com todos os seus aliados das carcomidas classes dominantes e oligarquias brasileiras, já exibe sinais de arrependimento: por ter, no final da primeira volta, criado um clima artificial anti-Lula, que hoje se volta com mais força contra os seus próprios protagonistas. Hoje essas forças correm o risco de derrota humilhante, o que constituirá novos obstáculos na sua caminhada golpista e suas intentonas de voltar ao vértice do poder nacional.
Um bom embate, sobretudo no segundo turno
Restrições antidemocráticas na legislação eleitoral, um padrão de debate e abordagem de temas imposto pelas leis do “marketing” - coleção de empulhações que em algum momento a esquerda haverá de debater e superar, para que a “americanização” das campanhas eleitorais não emascule a iniciativa popular - , uma posição política em alguns momentos timorata e acentuadamente centrista fizeram com que a campanha eleitoral que ora se encerra ainda ficasse muito a dever ao povo em termos de profundidade e contundência de uma mensagem de mudança.
Não obstante, tem sido bom o embate, sobretudo o do segundo turno, para o movimento democrático, popular e progressista brasileiro. A esquerda conseqüente se robusteceu politicamente, ao passo que a direita neoliberal e seus aliados encontram-se desnorteadas no embate político. A situação objetiva levou o presidente Lula a abordar com mais clareza temas delicados, como os das privatizações, da despesa pública, da política externa, do modelo de desenvolvimento, da integração latino-americana, do combate às abissais desigualdades sociais, assumindo compromissos que objetivamente o confrontam com teses neoliberais e com a lógica de dominação imperialista no mundo atual.
Mercê disso e do risco de retorno da direita neoliberal ao centro do poder, a campanha do segundo turno reaglutinou importantes setores da esquerda e do movimento popular que tiveram um comportamento tíbio no primeiro turno, ou apoiaram a candidatura da senadora Heloísa Helena, ou mesmo encontravam-se em posição vacilante e tendente ao voto nulo. Foi claro o posicionamento pró-Lula da maioria esmagadora das forças democráticas e progressistas. Somente uma minoria renitente, cujo discurso não raro resvalou para a agressão e até a provocação, quedou em posição anti-Lula. O eleitorado dos candidatos que concorreram supostamente à esquerda da coalizão “A Força do Povo” e foram derrotados revelou-se mais sábio: migrou quase inteiramente para Lula. Internacionalmente a candidatura de Lula também granjeou apoio entre forças democráticas, socialistas, comunistas, governos progressistas e intelectuais críticos.
Saídas surgirão do confronto com a direita
Tudo isso acumula e é o resultado mais precioso que dará às forças da esquerda conseqüente elementos para seguir no bom combate pelas mudanças tão necessárias a pôr o Brasil num outro rumo, de democracia ampla, sem cláusula de barreira e outras restrições no sistema político-eleitoral, soberania nacional e progresso social.
A reeleição de Lula representará objetivamente uma derrota contundente para a direita neoliberal e os planos imperialistas para a região. Por isso, numa demonstração das suas tendências antidemocráticas e golpistas, os setores que estão sendo derrotados já estão elaborando a estratégia de combate desde já ao segundo governo Lula. Falam no “terceiro turno” das eleições, em “falta de legitimidade” do eleito para exercer o mandato. E já anunciam uma nova campanha pelo impeachment.
Lula terá na sua expressiva votação o primeiro e mais forte fator de governabilidade. Diante de qualquer questionamento, terá o trunfo da consagração popular. Para manter e ampliar sua força, deverá construir uma maioria política sólida dentro e fora do Congresso, o que se traduzirá por uma ampla coalizão de forças políticas e sociais, baseada no programa vitorioso, na luta para abrir um rumo de desenvolvimento nacional com soberania, justiça e progresso social. Nisso e na mobilização popular encontrará o respaldo para enfrentar a dura oposição dos neoliberais do PSDB, do PFL e seus aliados. Com essa gente não há termo de conciliação. Dois projetos se confrontaram durante a campanha. É deste confronto, e não de sua diluição, que surgirão saídas avançadas para os graves problemas nacionais.
Reeleito com a força do povo, o papel de Lula na história se engrandecerá se o segundo mandato fizer avançar a luta do povo. E esta exclui o entendimento e a conciliação com o neoliberalismo, que no fundo é submissão aos poderosos i
interesses contrariados na contenda eleitoral que se encerra.
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-José Reinaldo Carvalho é jornalista, diretor de Comunicação do Cebrapaz, consultor do Tribunal de Bruxelas e membro da Comissão Política do CC do PCdoB.
No próximo domingo, mais uma vez o povo brasileiro irá às urnas. Confirmará a reeleição de Lula da Silva para mais um mandato de quatro anos. A julgar pelas sondagens poderá ser uma vitória acachapante do atual presidente. A tal ponto que aquelas forças que temiam o segundo turno comemoram que se tenha dado ao eleitorado uma nova oportunidade para melhor reflexão sobre os projetos em contenda.
Inversamente, a neodireita tucana, com todos os seus aliados das carcomidas classes dominantes e oligarquias brasileiras, já exibe sinais de arrependimento: por ter, no final da primeira volta, criado um clima artificial anti-Lula, que hoje se volta com mais força contra os seus próprios protagonistas. Hoje essas forças correm o risco de derrota humilhante, o que constituirá novos obstáculos na sua caminhada golpista e suas intentonas de voltar ao vértice do poder nacional.
Um bom embate, sobretudo no segundo turno
Restrições antidemocráticas na legislação eleitoral, um padrão de debate e abordagem de temas imposto pelas leis do “marketing” - coleção de empulhações que em algum momento a esquerda haverá de debater e superar, para que a “americanização” das campanhas eleitorais não emascule a iniciativa popular - , uma posição política em alguns momentos timorata e acentuadamente centrista fizeram com que a campanha eleitoral que ora se encerra ainda ficasse muito a dever ao povo em termos de profundidade e contundência de uma mensagem de mudança.
Não obstante, tem sido bom o embate, sobretudo o do segundo turno, para o movimento democrático, popular e progressista brasileiro. A esquerda conseqüente se robusteceu politicamente, ao passo que a direita neoliberal e seus aliados encontram-se desnorteadas no embate político. A situação objetiva levou o presidente Lula a abordar com mais clareza temas delicados, como os das privatizações, da despesa pública, da política externa, do modelo de desenvolvimento, da integração latino-americana, do combate às abissais desigualdades sociais, assumindo compromissos que objetivamente o confrontam com teses neoliberais e com a lógica de dominação imperialista no mundo atual.
Mercê disso e do risco de retorno da direita neoliberal ao centro do poder, a campanha do segundo turno reaglutinou importantes setores da esquerda e do movimento popular que tiveram um comportamento tíbio no primeiro turno, ou apoiaram a candidatura da senadora Heloísa Helena, ou mesmo encontravam-se em posição vacilante e tendente ao voto nulo. Foi claro o posicionamento pró-Lula da maioria esmagadora das forças democráticas e progressistas. Somente uma minoria renitente, cujo discurso não raro resvalou para a agressão e até a provocação, quedou em posição anti-Lula. O eleitorado dos candidatos que concorreram supostamente à esquerda da coalizão “A Força do Povo” e foram derrotados revelou-se mais sábio: migrou quase inteiramente para Lula. Internacionalmente a candidatura de Lula também granjeou apoio entre forças democráticas, socialistas, comunistas, governos progressistas e intelectuais críticos.
Saídas surgirão do confronto com a direita
Tudo isso acumula e é o resultado mais precioso que dará às forças da esquerda conseqüente elementos para seguir no bom combate pelas mudanças tão necessárias a pôr o Brasil num outro rumo, de democracia ampla, sem cláusula de barreira e outras restrições no sistema político-eleitoral, soberania nacional e progresso social.
A reeleição de Lula representará objetivamente uma derrota contundente para a direita neoliberal e os planos imperialistas para a região. Por isso, numa demonstração das suas tendências antidemocráticas e golpistas, os setores que estão sendo derrotados já estão elaborando a estratégia de combate desde já ao segundo governo Lula. Falam no “terceiro turno” das eleições, em “falta de legitimidade” do eleito para exercer o mandato. E já anunciam uma nova campanha pelo impeachment.
Lula terá na sua expressiva votação o primeiro e mais forte fator de governabilidade. Diante de qualquer questionamento, terá o trunfo da consagração popular. Para manter e ampliar sua força, deverá construir uma maioria política sólida dentro e fora do Congresso, o que se traduzirá por uma ampla coalizão de forças políticas e sociais, baseada no programa vitorioso, na luta para abrir um rumo de desenvolvimento nacional com soberania, justiça e progresso social. Nisso e na mobilização popular encontrará o respaldo para enfrentar a dura oposição dos neoliberais do PSDB, do PFL e seus aliados. Com essa gente não há termo de conciliação. Dois projetos se confrontaram durante a campanha. É deste confronto, e não de sua diluição, que surgirão saídas avançadas para os graves problemas nacionais.
Reeleito com a força do povo, o papel de Lula na história se engrandecerá se o segundo mandato fizer avançar a luta do povo. E esta exclui o entendimento e a conciliação com o neoliberalismo, que no fundo é submissão aos poderosos i
interesses contrariados na contenda eleitoral que se encerra.
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-José Reinaldo Carvalho é jornalista, diretor de Comunicação do Cebrapaz, consultor do Tribunal de Bruxelas e membro da Comissão Política do CC do PCdoB.
Fonte: www.vermelho.org.br
https://www.alainet.org/de/node/117840?language=es
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