Dirigir bem

27/06/2003
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No Brasil, a morte vem motorizada, e não a cavalo, como nas imagens do Apocalipse. Cerca de 40.000 pessoas morrem por ano em acidentes de trânsito. O brasileiro dirige mal/mau. Aqui cabem o substantivo e o adjetivo. Imbuído da síndrome de Ayrton Senna, julga-se um ás no volante. Os outros é que são inseguros, pernas- de-pau, imprudentesŠ Alheio ao valor de uma vida humana, o motorista faz ultrapassagens irresponsáveis, avança o sinal vermelho, não respeita faixa de pedestre, ignora a diferença de dirigir sob tempo ensolarado ou chuvoso. Mau-caráter, há motorista que, ao passar por um radar de controle de velocidade, pisca os faróis para os demais. É como se ele dissesse: "Enfia o pé, mas cuidado para não ser multado logo à frente". Salva-se o dinheiro, perdem- se vidas. Por falta de cidadania, tais motoristas têm vergonha de mostrar-se educados, ceder a vez, deixar que o outro adiante-se e, sobretudo, pôr o pé no freio ao ver um pedestre atravessar a rua. Quantas vezes, você motorista, pára o carro para dar preferência ao pedestre? Ora, raciocinam alguns, por que vou parar e receber uma buzinada por trás se o pedestre é mole e não cruza a via com agilidade? Com freqüência, há carros estacionados junto às rampas das calçadas destinadas aos carrinhos de bebês e cadeiras de rodas. Se a ocasião faz o ladrão, o veículo, que é uma poderosa arma, pode fazer o assassino. Desde que esteja sentado atrás do volante um motorista prepotente, que pensa ser dono da rua e ter todos os direitos e nenhum dever. Nem o de respeitar as leis do trânsito. Pena que a Justiça seja tão lerda em punir esses criminosos que engordam as estatísticas do número de feridos e mortos em acidentes em ruas e rodovias. * Frei Betto é autor de "Alucinado Som de Tuba"
https://www.alainet.org/de/node/107781?language=es
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