Erundina diz que apoio do PSB a Aécio é "incoerente" e "vexatório"
08/10/2014
- Opinión
Reeleita pelo estado de São Paulo com 177,2 mil votos, a deputada federal Luiza Erundina defendia a liberação dos votos dos militantes e eleitores do PSB no segundo turno das eleições. Mas, nesta quarta-feira 8, a Executiva Nacional da legenda decidiu, por maioria de votos, apoiar o candidato do PSDB à Presidência Aécio Neves. Em entrevista a CartaCapital, a parlamentar avalia que a decisão dificulta a situação dos governadores Camilo Capiberibe e Ricardo Coutinho, que disputam o segundo turno das eleições estaduais no Amapá e na Paraíba, respectivamente, com o apoio do PT. Além disso, ela considera a posição do PSB "vexatória" e “incoerente” com o que a legenda pregou ao longo da campanha.
“Desde o início do processo eleitoral, tanto Eduardo Campos quanto Marina Silva defenderam ser preciso superar a velha polarização entre PT e PSDB. É incoerente, depois de tudo que se passou, reforçar um desses polos agora”, diz Erundina. “É ainda mais vexatório declarar voto para uma candidatura notadamente conservadora, que defende posições tão contrárias ao que defendemos, como a redução da maioridade penal.”
Após a decisão pelo apoio ao candidato tucano, por parte de 22 membros da sigla, Erundina e o deputado Glauber Braga, do Rio de Janeiro, decidiram se retirar da reunião. “Saímos no momento em que eles começaram a redigir a carta de apoio a Aécio. Respeitamos a decisão da maioria, mas não queríamos referendar essa posição", comentou. Além de Erundina, votaram pela neutralidade a senadora Lídice da Mata (BA), o senador Antônio Carlos Valadares (SE), Katia Born, o secretário de Juventude Bruno da Mata, o presidente do partido Roberto Amaral e o secretário da Área Sindical, Joílson Cardoso. O senador João Capiberibe (AP) foi o único que votou pelo apoio a Dilma.
A deputada admitiu que o partido está dividido. Acredita, ainda, que a decisão de apoiar Aécio terá efeitos sobre as eleições internas do PSB, marcadas para a segunda-feira 13. O atual presidente da sigla, Roberto Amaral, disputa a recondução ao cargo, mas desgastou-se ao defender a neutralidade do PSB no segundo turno das eleições presidenciais.
“Vamos ver quais serão os desdobramentos dessa decisão da Executiva do PSB. É inegável que há uma crise interna, uma divisão dentro do partido, e isso emerge num momento em que ainda estamos disputando o segundo turno em quatro estados.”
08/10/2014
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